A
Menina Boba
«Queimada
pelo sol, desvairada
de
perfume e de luz
correr…
Correr
impelida
pelo ritmo sadio,
harmonioso,
dos
meus músculos, dos meus nervos
de
vinte anos…
Correr
grito
errante e triunfal
da
vida
até
cair
queimada
pelo sol, desvairada
de
perfume e de luz…
Amor
novo da vida que desperta em mim.
Puro
como o ar que respiro,
duro
como o sol que bate no meu corpo.
Glória
de sorver seiva e deslumbramento
pela
porta ensolarada dos meus cinco sentidos.
Comecei
a entender o amor da vida
amando-a
simples
e natural,
com
a violência, a destreza;
a
nudez de uma índia
no
verde do mato-virgem
escandalizando
a civilização.
Vento
que corropia
arrepiando
volúpias pelo ar…
… Braços
que me enlaçassem,
beijos
que me beijassem
loucos…
Assobia,
corropia,
rasga
o vento...
Óh!
Seiva que trimultua no meu corpo!»
Poema de Oneyda Alvarenga, in ‘A Menina Boba’
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