domingo, 12 de agosto de 2018

O Leito Celestial. Irving Wallace. «Freeberg começara a recrutar o pessoal necessário para a clínica. Por intermédio de um médico que tinha um consultório próximo…»

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«(…) Os seus olhos deslocaram-se para uma fotografia recente, em moldura de prata, que se encontrava num canto da mesa. A esposa, Miriam, atraente nos seus trinta e poucos anos, o filho risonho, Jonny, uma fonte de alegria. Freeberg pensou na sua idade; já se aproximava dos cinquenta anos, um pouco tarde para o primeiro filho..., mas nem tanto assim. Meneando a cabeça, ele pegou as anotações e tentou-se concentrar no que escrevera. Reviu tudo depressa, depois largou os papéis. Já sabia tudo de cor e não precisaria consultar as anotações quando se dirigisse aos novos suplentes sexuais. Tinha ainda quinze minutos de espera antes que os cinco aparecessem. Quase como um relaxamento, pôs-se a reconstituir os acontecimentos dos últimos quatro meses, que o haviam levado àqueles momentos. Reviveu-os no presente. Duas semanas após o telefonema inicial de Freeberg, Roger Kile concluíra as suas investigações em Los Angeles, encontrando o local ideal. Só que não exactamente em Los Angeles. Kile fora informado de que nessa cidade já havia muitos terapeutas sexuais, e os lugares mais apropriados estavam sendo vendidos a preços exorbitantes. Mas seguindo os conselhos de especialistas, Kile sempre fora um investigador sagaz, mesmo na faculdade de direito, em Columbia, com um conhecimento e interesses amplos, embora fosse um advogado fiscal, encontrara a comunidade em que o amigo poderia prosperar, a uma hora de carro de Los Angeles, ao norte. O lugar chamava-se Hillsdale, uma cidade em expansão, junto à estrada litoral, perto do oceano Pacífico, com 360 mil habitantes. Havia muitos psiquiatras e psicólogos, mas nenhum terapeuta sexual. Contactos bem informados garantiram a Roger Kile que uma clínica instalada por um terapeuta sexual respeitável em Hillsdale, com uma equipa de suplentes sexuais bem treinados e profissionais, haveria de prosperar. Kile fora informado por diversos médicos que em Hillsdale havia muitas pessoas perturbadas, com disfunções sexuais.
Kile procurara dois correctores bem recomendados, que logo o levaram a quatro prédios de escritórios pequenos, que pareciam ser boas possibilidades. Freeberg reconhecera o prédio perfeito de imediato, com dois andares, vazio, desocupado pouco antes por uma cadeia de lojas de roupas, no meio da Market Avenue, perto da Main Street. Tudo fora se ajustando rapidamente. Freeberg contratara um jovem e excelente arquitecto para reformar o prédio nas linhas da sua clínica de Tucson. Depois, Freeberg voltara de avião a Tucson para liquidar a antiga clínica. Miriam cuidara da venda da casa de adobe, em estilo de rancho, conseguindo um preço igual ao que haviam pago. Foram a Hillsdale quatro vezes no período subsequente. Enquanto Freeberg supervisionava a reforma do prédio da clínica, Miriam procurava uma nova casa. Encontrara uma residência maravilhosa, de um só andar, a aproximadamente cinco quilómetros da nova clínica do marido.
Freeberg começara a recrutar o pessoal necessário para a clínica. Por intermédio de um médico que tinha um consultório próximo, doutor Stan Lopez, um clínico que lhe inspirara o maior respeito, Freeberg contratara Suzy Edwards para sua secretária pessoal. Lopez vinha usando Suzy como segunda secretária em meio expediente, e sabia que ela desejava um emprego em horário integral. Freeberg entrevistara Suzy, uma ruiva séria e interessada, com cerca de trinta anos. Ela mostrara-se ansiosa pelo emprego, e Freeberg já fora informado de que era uma pessoa de confiança. Depois, ele contratara Norah Ames como enfermeira e Tess Wilbur como recepcionista. Em seguida, Freeberg enviara cartas pessoais a todos os médicos e psicólogos da região que conhecera em convenções e seminários, comunicando a abertura da Clínica Freeberg, em Hillsdale, Califórnia, oferecendo tratamento intensivo e o uso de suplentes sexuais femininos e masculinos, quando houvesse necessidade. Enquanto aguardava respostas, Freeberg iniciara a busca de suplentes sexuais. A fim de encontrar candidatos, escrevera cartas pessoais para psicanalistas em Hillsdale e terapeutas sexuais em Los Angeles, Santa Barbara, San Francisco, Chicago e Nova York. Em poucas semanas recebera vinte e três solicitações de pessoas que desejavam ser suplentes sexuais. Enquanto isso, recolhera informações a respeito de pacientes que precisavam desesperadamente daquele tipo de terapia. Com base nessas informações, concluíra que precisaria de cinco suplentes sexuais, quatro mulheres e um homem, além dos serviços de Gay le Miller, que em breve deixaria Tucson e viria para Hillsdale». In Irving Wallace, O Leito Celestial, 1987, Livros do Brasil, colecção Dois Mundos, nº 166, Lisboa, ISBN 978-972-380-576-5.

Cortesia de LdoBrasil/JDACT