quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Aprendendo a Seduzir. Patrícia Cabot. «Droga! Ela colocou o outro cotovelo, agora descansando o queixo nas duas mãos. O que ela iria fazer? A coisa correcta…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Londres. Inglaterra. Maio de 1870
«(…) Mas este pensamento deixou-a mais fraca fisicamente que nunca, e ela estava feliz por estar sentada. Ela não gostava de armas, e ela nunca poderia se imaginar atirando em alguém, nem mesmo lady Jacquelyn Seldon, que bem que merecia. Além disso, ela disse a si mesma, mesmo que eu pudesse atirar nela, o que eu positivamente não poderia, eu não iria. Qual seria o beneficio? Eu iria apenas ser presa. Caroline, encontrando um cristal perdido na sua saia, puxou-o distraída. E então eu iria que ir p’ra cadeia. Caroline sabia melhor que ela gostaria de saber sobre cadeia, porque a sua melhor amiga Emmy era membro da Sociedade Londrina pelo Voto da Mulher (London society for women’s suffrage} e havia sido presa várias vezes por entrar escondida nas carruagens de vários membros do parlamento. Caroline não queria ir p’ra prisão, que Emmy havia descrito p’ra ela em todos os detalhes, mas do que ela iria querer disparar uma bala contra qualquer pessoa.
E supondo ela pensou que eles me considerem culpada. Eu seria enforcada. E pelo quê? Por atirar em lady Jacquelyn? Não seria suficiente. Caroline não tinha nada em particular contra lady Jacquelyn. Lady Jacquelyn havia sempre sido perfeitamente sociável com Caroline. De verdade, Caroline decidiu, se ela fosse atirar em alguém, algo que ela não ia fazer, claro, seria Hurst. Porque, não somente uma hora atrás ele havia estado surrando na orelha de Caroline que não podia esperar para a noite do seu casamento, que estava há apenas um mês. Bem, evidentemente ele estava tão impaciente por isso que ele foi forçado a procurar outra pessoa p’ra poder ensaiar. Bastardo Traidor! Caroline tentou pensar noutros xingamentos que ela havia escutado seu irmão mais novo Thomas e seus amigos chamarem uns aos outros. Ah, sim, Whoremonger. Seria óptimo para aquele whoremongering bastardo traidor se eu atirasse nele! E então ela sentiu uma culpa por apenas pensar nisso. Porque era claro, ela sabia perfeitamente o quanto ela devia a Hurst. E não apenas por o que ele havia feito por Tommy, também, mas porque de todas as garotas de Londres, ele havia escolhido ela para casar, ela para ser a receptora daqueles, devagar, sedutores beijos. Ou pelo menos, era o que ela pensava até recentemente. Agora ela se dava conta, não era ela de longe a única receptora de tais beijos, mas que os que ela havia recebido eram bem diferentes do que os que lady Jacquelyn estava acostumada.
Droga! Ela colocou o outro cotovelo, agora descansando o queixo nas duas mãos. O que ela iria fazer? A coisa correcta, claro, seria pedir p’ra Hurst cancelar. O marquês era invariavelmente correcto em todas as suas actividades, bem, com excepção dessa, claro, e então Caroline pensou que não era racional esperar que ele acabasse o noivado, poupando-a do embaraço. Querida ela o imaginou dizendo eu sinto muito, mas você vê, parece que eu conheci uma garota que eu gosto bem mais do que de você...
Mas não. O marquês de Winchilsea não era nada educado. Ele provavelmente diria algo como, Caroline, meu docinho, não me peça pra explicar o porquê, mas eu não posso seguir com isso. Você entende, não entende, old sport? E Caroline iria dizer que ela entende. Porque Caroline era um old Sport. Lady Jacquelyn era uma mulher atraente, que cantava e tocava a harpa lindamente, tão talentosa quanto era amável. Ela iria ser uma esposa maravilhosa para qualquer homem, apesar dela não ter dinheiro, claro. Todos sabiam disso. Os Seldons. O pai de lady Jacquelyn havia sido o 14º duque de Childes, eram uma ancestral e bem respeitada família, mas ele não tinha um centavo em seu nome, apenas umas poucas casas e umas avenidas ou duas aqui e ali. Hurst, cuja família era tão nobre, mas também tão pobre, ter escolhido ele para se alinhar com os Seldons não foi surpreendente, mas Caroline não estava certa que era a coisa mais prudente que ele tinha feito. Do que ele e lady Jacquelyn imaginavam viver, afinal? Porque a menos que eles arrendassem todas aquelas magníficas propriedades para alguns americanos ricos, eles não tinham qualquer fonte de rendimento para falar. Mas o que é que importa o rendimento para duas pessoas apaixonadas? Não era problema de Caroline, afinal, como o par conseguiria. Seu problema era este: o que ela ia dizer p’ra sua mãe?» In Patrícia Cabot, Aprendendo a Seduzir, 2001, Editorial Planeta, 2010, Editorial Essência, 2012 / 2016, ISBN 978-854-220-677-7.

Cortesia de EPlaneta/EEssência/JDACT