Cortesia
de wikipedia e jdact
«Portugal
teve esplêndidas rainhas que souberam ajudar os seus maridos na governação do
reino, através de conselhos adequados e na educação dos filhos. Nunca é demais
dizer-se que, por detrás de um bom rei, há sempre uma grande rainha. E exemplos
disso bem nossos conhecidos estão Filipa de Lencastre, Leonor de Aragão, de
quem vamos falar hoje, e uma Infanta que, por acaso, nunca chegou a rainha mas
que valeu por dois ou três do seu marido: Beatriz, mãe de João, Diogo e do rei Manuel
I. À morte do Infante Fernando, dona Beatriz foi tutora e curadora dos filhos e
dos bens destes, e uma das mais exímias administradoras dos bens da Família,
tendo-se preocupado, inclusivamente, com a gestão das ilhas dos Açores e da
Madeira. Dona Leonor ou a triste Rainha encarregou-se de ajudar a curar
a doença do marido, da educação dos filhos cuja missão acabou por lhe ser
retirada, passando-se para Castela, por razões de Estado e rivalidades entre
partidos políticos, encabeçados por importantes senhores feudais no reino,
entre 1433 e 1445». In Reumo
«Não
interessa aqui referir as conjunturas políticas e económicas que o Reino
atravessava desde os finais do governo de Fernando I. São por demais sabidas,
pois muitos autores têm-se referido a elas. Mas foi, em grande parte, neste
ambiente de constante desequilíbrio que nasceu o infante Duarte, o terceiro
filho do rei João I, o primeiro, entre os vivos, e lhe veio suceder no trono,
em 1433.[João I teve de dona Filipa de Lencastre infanta Branca, nascida em
Santarém, a 30 de Julho de 1388, vindo a falecer em Março de 1389; acha-se
sepultada na capela-mor da Sé de Lisboa; ainda, antes de Duarte, infante Afonso,
nascido igualmente em Santarém, a 30 de Julho de 1390 e falecido a 22 de Dezembro
de 1400. Foi sepultado na Sé de Braga; o terceiro, primeiro entre os vivos e
sucessor do rei, foi o infante Duarte, que herdou a Coroa]. Parece ter sido
associado ao governo do pai por 1411-1412, teria, então, 20 ou 21 anos, o que,
de facto, para certos casos, seria o tempo de atingir-se a Maioridade [acerca
da maioridade, o nosso especialista Martim Albuquerque tem sérias dificuldades
em obter um número que corresponda aquela: os catorze e os vinte e cinco anos constituem
os dois marcos em que o problema da menoridade do rei se moveu; não conhecemos,
de facto, quem defendesse um termo da menoridade inferior aos catorze anos ou
superior aos vinte e cinco; entre os dois limites assinalados, todavia,
oscilaram os factos e a doutrina].
Oliveira
Martins, em Os Filhos de D. João I, traça o retrato do herdeiro, da maneira
mais infeliz possível, comparando a sua fragilidade e depressão continuada com
a fortaleza de ânimo e de espírito dos demais Príncipes seus irmãos. Com
efeito, Duarte I mostrava aquela virtuosa abnegação e a passividade que o matou.
O rei tinha na sua virtude o quer que é enfermiço e feminino, a quem faltava a
energia e a audácia do pai, baseando-se na doença que o Infante contraiu e a
que se refere no Leal Conselheiro. E nas compreensíveis indecisões, antes e
após o desastre de Tânger, o biógrafo não hesita em qualificar o rei de homem
sem vontade própria, sem energia, e demasiado escrupuloso. Uma depressão, uma forte
crise de nervos, a ideia de suicídio… abateram sobre ele muito novo. Não era
fácil carregar sobre os ombros uma missão que herdaria do progenitor, só porque
fora o primeiro varão a sobreviver, no elenco dos oito legítimos e dos seis
vivos. A situação europeia e as eminentes guerras com Castela travadas por
convénios de pazes sucessivos devem ter contribuído para um sério estado de
esgotamento [o Infante Pedro, de Bruges, escrevia-lhe, entre muitos outros
conselhos que lhe dera que se porventura sentirdes vossa vontade cansada e
enfraquecida com o peso dos grandes cargos e não ligeiros de remediar,
oferecei-lhe, ao Conselho dos seus ministros, os muitos maiores que el-rei
vosso pai e outros príncipes passaram e passam e esforçai-vos no muito siso e
virtude que vos Deus deu com que sois abastante para sofrerdes tanto como o
quer no mundo mais sofreu]. Podia, inclusive, nem reunir as condições necessárias
para reinar dado que, à época, era tão-só necessário ser-se o filho mais velho
para o fazer. O resultado de Tânger, em 1437, não lhe permitiu enfrentar a
realidade e pô-lo num estado de acabamento rápido o que fez surpreender os seus
mais ligados. Morreu em 1438». In João Silva Sousa, D. Leonor, A Triste
Rainha, FCSH da UNdeLisboa, Wikipedia.
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