sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Portugal Terra de Mistérios. Paulo Alexandre Loução. «… algumas das propriedades geométricas da cruz orbicular. Por agora, cabe-nos recordar que a sua construção geométrica resulta da intersecção de um círculo central com quatro círculos laterais»

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O Mistério da Cruz Templária
«(…) Como é óbvio, ambos se referiam à geometria e matemática sagradas, de síntese e profundamente simbólicas. Como em muitas outras facetas da ciência das coisas divinas, uma parte deste conhecimento foi assimilada pelos cristãos dos primeiros séculos. Isto aconteceu de tal forma que os cristãos da facção mais fanática se viram obrigados a afirmar que a ciência milenar dos mistérios foi uma invenção do Diabo que se quis antecipar a Deus. O Abade Martigny não hesitou em afirmar: não há dúvida de que, nas Santas Escrituras, em razão do duplo sentido que encerram, os números têm frequentemente um significado simbólico. Podemos invocar aqui o testemunho de Filon, o Judeu, assim como o de S. Clemente de Alexandria, a epístola atribuída a São Barnabé, e o do Pastor de Hermas. Quem não sabe que Santo Ambrósio e Santo Agostinho empregavam a cada passo, nas suas homilias, o simbólico sentido dos números? Prova evidente de que tal linguagem era familiar à maior parte dos fiéis, pois, se assim não fosse, as explicações evangélicas dos doutores da Igreja teriam sido carta fechada para eles.
Já focámos, em obras anteriores, algumas das propriedades geométricas da cruz orbicular. Por agora, cabe-nos recordar que a sua construção geométrica resulta da intersecção de um círculo central com quatro círculos laterais.

A Origem das Cinco Quinas e o Milagre de Ourique
No momento em que escrevemos estas linhas, as altas individualidades de Portugal estão empenhadas em distribuir massivamente, nas escolas, um chamado kit patriótico que contém os símbolos da nação: a bandeira e o hino. Estamos de acordo com o director de um dos chamados diários de referência, quando sugere que a esta iniciativa outras se poderiam suceder no sentido de uma mais ampla divulgação da história de Portugal. De facto, só com uma real consciência histórica, a começar pelos líderes, é que acções como esta perderão o seu ar ridículo. E, por exemplo, talvez não se tenha hoje a devida consciência de que, nos nossos dias. Portugal é praticamente o único país da Europa que tem uma bandeira com símbolos multisseculares, um dos quais, as cinco quinas, é utilizado nas armas do reino logo desde o século XII. Cabe perguntar: porquê? Porque tudo aquilo que não tem uma forte carga mítico-espiritual acaba por se diluir no tempo como pó da história.
Outro símbolo importantíssimo que a bandeira actual contém é a esfera armilar, que analisaremos posteriormente. A origem das cinco quinas é um mistério. Existem várias teorias, mas nenhuma delas é conclusiva. Contudo, pelo menos a partir do reinado de Sancho I, jamais as cinco quinas deixaram de ser o símbolo por excelência da nação portuguesa, figurando em todas as bandeiras. Foram esculpidas na grande maioria dos monumentos nacionais e, em conjunto com a Cruz de Cristo, foram levadas pelos portugueses aos quatro cantos do mundo. Este símbolo foi considerado um talismã mágico-religioso pelos portugueses da Idade Média e Renascimento». In Paulo Alexandre Loução, Portugal Terra de Mistérios, Edição Ésquilo, 2001, ISBN 972-860-504-8.

Cortesia de EÉsquilo/JDACT