segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Poemas. Catulo. «… delícias da minha amiga com quem brincar e ter no colo, a quem no ataque dar a ponta dos dedinhos e acres dentadas incitar costuma…»

Cortesia de wikipédia e jdact

Carmina (tradução de João AO Neto)
1.
«A quem dedico esta graça de livro
novinho em folhas recém-buriladas?
A ti, Cornélio, pois tu costumavas
ver uma coisa qualquer nestas nugas,
já desde o tempo em que ousaste, primeiro
na Itália inteira, explicar toda a História
em três volumes mui sábios, por Júpiter!
muito difíceis. Contigo então, leve,
leva este quê, o que for, de livrinho:
que viva, ó deusa virgem, mais de um século!»

2.
«Pássaro, delícias da minha amiga
com quem brincar e ter no colo, a quem
no ataque dar a ponta dos dedinhos
e acres dentadas incitar costuma
quando lhe apraz ao meu desejo ardente
um capricho, um gracejo preparar,
não sei qual, um consolo à sua dor,
creio, para acalmar o ardor assim
ah poder eu também brincar contigo
e tristes aflições tirar do peito!»

3.
«Podeis chorar, ó Vénus, ó Cupidos,
e quantos homens mais sensíveis vivam:
morreu o pássaro de minha amiga,
o pássaro, delícias da menina,
que bem mais que seus olhos ela amava,
pois era mel e tanto a conhecia
quanto a filha conhece a própria mãe
e de seu colo nunca se movia
mas saltitando em torno aqui e ali
somente a ela sempre pipiava».
In Poemas de Catulo, Wikipédia

Cortesia de Wikipedia