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Carmina (tradução de
João AO Neto)
1.
«A
quem dedico esta graça de livro
novinho em folhas
recém-buriladas?
A ti, Cornélio, pois tu
costumavas
ver uma coisa qualquer nestas
nugas,
já desde o tempo em que ousaste,
primeiro
na Itália inteira, explicar toda
a História
em três volumes mui sábios, por
Júpiter!
muito difíceis. Contigo então,
leve,
leva este quê, o que for, de
livrinho:
que
viva, ó deusa virgem, mais de um século!»
2.
«Pássaro,
delícias da minha amiga
com quem brincar e ter no colo, a
quem
no ataque dar a ponta dos
dedinhos
e acres dentadas incitar costuma
quando lhe apraz ao meu desejo
ardente
um capricho, um gracejo preparar,
não sei qual, um consolo à sua
dor,
creio, para acalmar o ardor assim
ah poder eu também brincar
contigo
e
tristes aflições tirar do peito!»
3.
«Podeis
chorar, ó Vénus, ó Cupidos,
e quantos homens mais sensíveis
vivam:
morreu o pássaro de minha amiga,
o pássaro, delícias da menina,
que bem mais que seus olhos ela
amava,
pois era mel e tanto a conhecia
quanto a filha conhece a própria
mãe
e de seu colo nunca se movia
mas saltitando em torno aqui e
ali
somente a ela sempre pipiava».
In Poemas de Catulo, Wikipédia
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