quinta-feira, 9 de abril de 2020

O complexo religioso e os baptistérios de Mértola na Antiguidade Tardia. Virgílio Lopes. «O lugar central é ocupado por uma piscina que tem uma largura exterior máxima de 4,80 m, a profundidade máxima é de 1,52 m, sendo de 1,16 m de profundidade até ao orifício do desaguo»

Cortesia de wikipedia e jdact

O complexo religioso
«(…) Destaca-se ainda uma placa rectangular de mármore, possivelmente aparecida neste local e pertencente ao acervo do Museu Nacional de Arqueologia, com cronologia atribuída ao século VI d.C. e que se encontra trabalhada em três das suas faces. O motivo central, insculpido na face maior, é o tema da Árvore da Vida, descrevendo círculos e, entre estes, um touro e um leão, sendo os espaços livres ocupados por outros pequenos animais, como a pomba e o coelho ou lebre. Nas faces laterais, de um cantarus sai uma gavinha de videira coberta de parras e cachos de uvas.

Batistério II
Nos meses de Junho e Julho de 2013 a equipa do CAM iniciou uma escavação arqueológica na encosta do Castelo de Mértola, com o objectivo de compreender a sequência ocupacional daquela área. O edifício, onde se insere esta estrutura octogonal, encontra-se em fase de escavação, no entanto, os elementos existentes permitem-nos estimar a sua área de implantação em 262 m2. O limite Este foi parcialmente destruído, contudo, a limpeza das áreas anteriormente intervencionadas, pôs a descoberto vários compartimentos paralelos. O espaço central é mais comprido que o anterior, não tendo a escavação arqueológica revelado a sua largura. Contudo, a centralidade deste compartimento e o aparecimento de duas bases de coluna e um fragmento de cancela, sugerem poder tratar-se do local de implantação do altar. Na parte sul e paralela à parede localiza-se um conjunto de bases de colunas com as colunas tombadas.
Paralelo ao muro delimitador do edifício, a sul, foram postas a descoberto três bases de colunas de mármore, localizadas in situ, e que permitem definir um intercolúnio com um espaçamento de 2,70 m. No lado oposto, no sentido perpendicular, existe um conjunto de três estruturas de alvenaria alinhadas com o intercolúnio mantendo uma cadência semelhante que seria o local de colocação de bases de colunas. A escavação revelou, junto às bases, restos de fustes de coluna em mármore, partidos mas reconstituíveis, com uma métricas em torno dos 2,35 m e 2,30 m.

Grande parte do pavimento posto a descoberto preservava in situ o empedrado feito com lajes de calcário retangular, e duas lajes de mármore que contêm letras gravadas. A disposição deste pavimento fez-se de forma regular na maior parte conservada. No entanto, no lado sul e sudoeste do octógono, as lajes estão dispostas de forma ligeiramente enviusada, havendo três fiadas que apresentam placas com contornos irregulares mas perfeitamente integradas na pavimentação. Na parte norte e este do edifício verifica-se a ausência de pavimentação pois algumas destas lajes encontravam-se integradas nos muros das casas islâmicas situadas nas imediações.
O lugar central é ocupado por uma piscina que tem uma largura exterior máxima de 4,80 m, a profundidade máxima é de 1,52 m, sendo de 1,16 m de profundidade até ao orifício do desaguo. Interiormente, estrutura-se em degraus com distinta altura, sendo o fundo constituído por duas placas de mármore que formam um octógono irregular». In Virgílio Lopes, O complexo religioso e os baptistérios de Mértola na Antiguidade Tardia, Revista Medievalista, Número 23, Janeiro-Junho 2018, ISSN 1646-740X.

Cortesia de RMedievalista/JDACT