A
Bisca
«Baralhei…
Baralhei,
distraidamente, um baralho sem fim…
Parti.
Não
fiz batota.
Dei.
Dei-lhes
tudo.
Foi
um péssimo jogo aquele;
não
pude deitar a baixo;
não
pude por cartas na mesa.
Perdi.
Perdi…
Foi
uma vergonha.
Quebrou-se
o meu orgulho de vitória;
era
meia-noite;
os
barcos atracavam no cais.
Perdera!
Perdera!
Perdera…»
Presença
«Ó
tu que me esperas além…
Não
sei quem és.
Não
vejo teu rosto.
És
o desconhecido,
o
outro,
o
outro lado da face imediata do quotidiano.
E
eu te amo.
Eu
te amo e não sei porque existes.
És.
E eu
sonho-te,
imagino-te;
grandezas,
alegrias,
sonho,
magias!
Quem
dera celebrar-te como o ópio da vida!
E
não pensar,
fechar
os olhos
e
não acordar!»
Poemas de Maria Mar de Carvalho, in ‘Lágrimas de Ametista’
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