quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Um Rei Avesso à Política. Fernando II. Maria Antónia Lopes. «Combatentes durante a guerra nos exércitos vitoriosos, os Coburgos conseguiram participar activamente no Congresso de Viena (1814-1815), representando o seu minúsculo Estado, que manteve a independência e as fronteiras»

jdact

Antes de Portugal (1816-1836). A família Coburgo
«(…) A tia Antonieta (1779-1824) não fez um casamento tão brilhante, mas também para ela se conseguiu uma união muito favorável aos interesses dos Coburgos, que a casaram em 1798 com um membro da família reinante de Vurtemberga e, mais importante do que isso, irmão da nova czarina russa, Maria Feodorovna. Sob o ponto de vista pessoal, não foi mais feliz do que a irmã, mas Antonieta nunca se rebelou, permanecendo na corte russa. Atingiram a vida adulta três dos seus filhos: Maria (1799-1860), que veio e casar com o seu tio Ernesto; Alexandre (1804-1881), que se uniu a Maria de Orleães, filha de Luís Filipe, rei dos Franceses; e Ernesto (1807-1868), que teve um futuro mais obscuro. Vitória (1786-1861), a tia mais nova do nosso, Fernando, foi, como as irmãs, um peão na estratégia de afirmação da família, mass isso ocorreria com o seu segundo casamento, proporcionando aos Coburgos a ligação familiar mais grandiosa, que nestes primeiros anos do século nada fazia prever. Em 1803 casaram-na com o príncipe de Leiningen, viúvo de uma irmã de Augusta e que fora desapossado do seu estado renano por Napoleão. Era, pois, tio por afinidade da noiva e vinte e três anos mais velho. Deixou-a prematuramente viúva, em 1814, e com dois filhos: Carlos Frederico (1804-1856) e Ana Feodora (1807-1872), nome russo em homenagem à ilustríssima parenta.
Embora fosse a mais velha, Sofia (1778-1835) foi a última a casar-se, o que sucedeu em 1804, com o conde franco-austríaco Mensdorff-Pouilly, um aristocrata francês que fugira à revolução e fora acolhido pelo imperador da Áustria. Tiveram quatro filhos: Hugo (1806-1847),Afonso (1810-1894), Alexandre (1813-1871) e Artur (1817-1904). Por desígnio da família, Alexandre tentará desempenhar um papel político no nosso país na década de 1840, antes de se tornar um político importante no império austríaco. Sofia e o marido abriram caminho ao irmão e cunhado Fernando Jorge Coburgo. E assim o encontrámos com uma boa patente a combater nos exércitos do imperador austríaco. Combatentes durante a guerra nos exércitos vitoriosos, os Coburgos conseguiram participar activamente no Congresso de Viena (1814-1815), representando o seu minúsculo Estado, que manteve a independência e as fronteiras. Embora fosse o mais novo, Leopoldo destacou-se, sendo Fernando Jorge, segundo testemunhos da época, o menos dotado. Encerrado o Congresso, recompostos os estados, havia agora que pensar no futuro deles, isto é, contratar casamentos o mais vantajosos possível. Não perderam tempo e fizeram-no de forma brilhante: Fernando Jorge em 1815, Leopoldo em 1816 e Ernesto em 1817». In Maria Antónia Lopes, D. Fernando II, Um Rei Avesso à Política, Círculo de Leitores, 2013, ISBN 978-972-42-4894-3.

Cortesia de CL/JDACT