segunda-feira, 16 de abril de 2012

BNP. Exposição. Alfredo Margarido. Um pensador Livre e Crítico. «Da sua vasta obra, muita da qual dispersa por obras colectivas, estudos, capítulos, introduções, prefácios, jornais e revistas culturais e científicas, nacionais e estrangeiros […] Investigador da cultura portuguesa, estudou Fernando Pessoa, mas igualmente Camões ou Jorge de Sena»


(1928-2010)
Moimenta, Vinhais
Cortesia de bnp

Exposição. Amanhã, dia 17 de Abril de 2012. 18h00, Sala de Exposições, Piso 2. Até ao pf dia 31 de Maio de 2012

«Professor, ensaísta, crítico literário, ficcionista, poeta, jornalista, tradutor, artista plástico, historiador, antropólogo, sociólogo, politólogo, Alfredo Margarido foi “um dos pensadores mais lúcidos da nossa realidade… observação que imediatamente se vai transformando em conhecimento, saber e discurso” (Perfecto Cuadrado, 2007).
Viveu em Bragança a sua infância, depois Viana do Castelo, o Porto, Lisboa e as prisões da PIDE, tendo-se instalado em meados dos anos 50 em São Tomé e Príncipe e depois em Angola. Expulso deste território pela polícia política, regressou a Lisboa em 1958, onde dirigiu o “Diário Ilustrado”, trabalhou na Guimarães Editora e fez crítica literária, utilizando a palavra para denunciar o regime, o que lhe valeu mais e mais prisão. Foi um dos mais destacados intelectuais ligados à Casa dos Estudantes do Império (CEI) para a qual organizou, nos anos 60, antologias de poetas angolanos, moçambicanos e são-tomenses, tendo sido activo colaborador da Mensagem, o boletim da CEI.
O exílio levou-o para Paris (1964) onde se formou em Sociologia na École Pratique des Hautes Études, mais tarde École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), cujos quadros veio a integrar como investigador. Enquanto professor leccionou em várias universidades francesas, em Paris, Vincennes, Amiens, e após o 25 de Abril de 1974, em Lisboa e no Brasil, continuando a sua actividade docente em Paris, na EHESS e na Universidade de Paris I Panthéon-Sorbonne.
Da sua vasta obra, muita da qual dispersa por obras colectivas, estudos, capítulos, introduções, prefácios, postfácios, jornais e revistas culturais e científicas, nacionais e estrangeiros, destaque-se, no ensaio, “Teixeira de Pascoais” (1961), “Negritude e Humanismo” (1964), “Jean-Paul Sartre” (1965), “A Introdução do Marxismo em Portugal” (1975), “Estudos Sobre as Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa” (1980), “Plantas e Conhecimento do Mundo nos Séculos XV e XVI” (1989), “As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos” (1994) ou “A Lusofonia e os Lusófonos: novos mitos portugueses” (2000). Na poesia publicou “Poemas com Rosas” (1953) e “Poema Para Uma Bailarina Negra” (1958). Na ficção, integrou-se na tendência do «nouveau roman», publicando “No Fundo Deste Canal” (1960), “Centopeia” (1961) e “As Portas Ausentes” (1963). Com Artur Portela Filho preparou “O Novo Romance” (1962) texto divulgador dessa tendência literária.
Investigador da cultura portuguesa, estudou Fernando Pessoa, mas igualmente Camões ou Jorge de Sena; também as problemáticas africanas estão presentes numa obra ensaística e crítica, multidisciplinar e incontornável, bem como na sua intervenção cívica. Traduziu James Joyce, Nathalie Sarrautte, Jonh Steinbeck, Nietzsche ou Herman Melville. Uma parte da sua obra plástica foi reunida em “33+9 Leituras Plásticas de Fernando Pessoa” (1988) e em “Obra Plástica de Alfredo Margarido” (2007).



Homenagem à figura multifacetada de Alfredo Margarido, a exposição a apresentar em Abril na BNP é comissariada por Isabel Castro Henriques e incluirá documentação do espólio que o próprio doou à BNP em 2009. Na altura será editado um catálogo». In Biblioteca Nacional de Portugal.

Cortesia da BNP/JDACT