Cortesia de wikipedia
Destino
Destino
Quem disse à estrela o caminho
que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
A fabricar o seu ninho
como é que a ave aprendeu?
Quem díz à planta «Florece!»
Quem díz à planta «Florece!»
E ao mudo verme que tece
sua mortalha de seda
sua mortalha de seda
os fios quem lhos enreda?
Ensinou alguém à abelha
que no prado anda a zumbir
que no prado anda a zumbir
se à flor branca ou à vermelha
o seu mel há-de ir pedir?
o seu mel há-de ir pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
teus olhos a minha vida,
teus olhos a minha vida,
teu amor todo o meu bem...
Ai!, não mo disse ninguém.
Ai!, não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
como no céu gira a estrela,
como a todo o ente o seu fado
como a todo o ente o seu fado
por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Eu no teu seio divino
vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Vim, que em ti só sei viver,
só por ti posso morrer.
Poema de Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'
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