quinta-feira, 19 de abril de 2012

Fortaleza de Idanha-a-Nova. Localiza-se na freguesia e concelho de mesmo nome. A povoação de Idanha-a-Nova ergue-se num cabeço, aos pés do qual corre o rio Pônsul. Para a defesa deste trecho da raia, a partir de 1187 foi erguido, sobre uma escarpa na margem direita do rio, um castelo pelos cavaleiros da Ordem dos Templários, sob a direção do Mestre Gualdim Pais»



Cortesia de igespar

«Sob o reinado de Afonso Henriques (1112-1185), o património fundiário da Ordem dos Templários estendeu-se até à Beira Baixa, com a doação de Idanha-a-Velha e de Monsanto, a Gualdim Pais, 6º Mestre da Ordem em Portugal, conforme Carta de Doação passada pelo soberano em 30 de Novembro de 1165:
  • Afonso, notável rei do Condado Portucalense, filho de Henrique e da Rainha D. Teresa e neto do grande e ilustríssimo Imperador de Espanha, por nós ao mestre Galdino e a todos os Irmãos da Ordem dos Templários que estão no meu reino, faço uma vasta e fortíssima doação da região da Idanha[-a-Velha] e de Monsanto com os limites: Seguindo o curso da água do rio Erges e entre o meu reino e o de “Legiones” até entrar no [rio] Tejo e da outra parte seguindo o curso da água do [rio] Zêzere que igualmente entra no Tejo [...].
Posteriormente, seu filho e sucessor, Sancho I (1185-1211), em 1197, confirmou a doação de Idanha-a-Velha ao 7° Mestre da Ordem, Lopo Fernandes, que complementou, em 1199, com a doação da “Herdade da Açafa”. Constituiu-se assim um vasto domínio que se estendia do termo de Idanha até ao de Belver.


Cortesia de igespar

O castelo medieval
Para a defesa deste trecho da raia, a partir de 1187 foi erguido, sobre uma escarpa na margem direita do rio, um castelo pelos cavaleiros da Ordem dos Templários, sob a direção do Mestre Gualdim Pais.
A sua estrutura obedece às mesmas linhas arquitetónicas características dos templários, nos castelos de Almourol, Monsanto, Pombal, Tomar e Zêzere, seus contemporâneos.
Visando o seu povoamento e o reforço de sua defesa, o rei Sancho I (1185-1211) outorgou-lhe “Carta de Foral” (1201), tendo feito a doação dos seus domínios à Ordem do Templo.
O seu sucessor, Afonso II (1211-1223), confirmou esta doação e o foral (1229), rebatizando a povoação com a actual toponímia (Idanha-a-Nova), para distingui-la antiga Idanha (doravante Idanha-a-Velha), a “Civitas Igaeditanorum romana, “Egitânia dos Suevos e Visigodos, “Eydaiá dos Muçulmanos, a dezoito quilômetros de distância.
A vila de Idanha-a-Nova desenvolveu-se bastante desde então, ao mesmo tempo em que Idanha-a-Velha entrava em progressiva decadência. Em fins do século XV, Manuel I (1495-1521), admirou-se com a diferença do desenvolvimento das duas Idanhas (1496) e, em Junho de 1510, reconhecendo o progresso de Idanha-a-Nova, concedeu-lhe Foral Novo. Nesta época, a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509).



jdact

“Os vários povos que passaram por Idanha-a-Velha (a antiga Egitânia romana) deixaram diversos vestígios monumentais. Com efeito, Idanha-a-Velha foi a capital da “civitas Igaeditanorum”, que parece ter sido fundada por Augusto. Não tendo existido ‘oppidae’ anteriores, este facto teve, provavelmente, como consequência imediata um maior investimento na área construtiva do que nas povoações onde aquelas estruturas já existiam. Estas edificações eram dirigidas pelos magistri eleitos, que governavam a sua respectiva civitas por não possuírem o ius Latii. Entre outras características construtivas, constatamos que Idanha-a-Velha não possui acrópole, como sucederia normalmente noutras cidades romanas, talvez por ter sido erguida numa ligeira ondulação de terreno. Todavia, tal facto não impediu que o seu principal centro cívico fosse instalado num dos seus pontos mais elevados, coroando a povoação, embora de uma forma menos evidente e monumental. Embora não detenhamos, ainda, todos os dados necessários à possível reconstituição abrangente e fiel do forum (tal como sucede em Conímbriga), os vestígios arqueológicos de Idanha-a-Velha possibilitam, contudo, localizá-lo. É o caso do podium do templo romano que lhe pertencia, perfazendo aquele que era considerado um verdadeiro centro cívico e religioso da cidade romana. Sobre esta estrutura foi posteriormente erguida uma torre de menagem pelos templários, encontrando-se a Sul do forum vestígios de uma construção romana, provavelmente reportáveis às termas da cidade do século III d.C. Das diversas igrejas existentes, sobressai a imponente basílica paleocristã, de três naves (convertida mais tarde em basílica visigótica), eventualmente fundada no século IV, quando Idanha-a-Velha foi sede de bispado e, por conseguinte, uma das povoações mais importantes de toda a região da Beira interior. Esta "basílica" foi sujeita a uma campanha de remodelação durante o século IX, sendo posteriormente adaptada a outros estilos entre os séculos XIV e XVI. No entretanto, era erguida a "Torre dos Templários" precisamente sobre o embasamento de um templo romano, na antiga zona do forum, sobre a qual seria construído um templo medieval. Para além destes edifícios, existia um vasto circuito de muralhas eventualmente subsidiário de uma primeira fortificação datada do século II, e que foi sujeito a remodelações ao longo do século IX, e a reforços durante o período dionísio.
Desde alguns anos a esta parte que decorre um projecto integrado de conservação e valorização dos diversos edifícios históricos constitutivos do conjunto monumental de Idanha-a-Velha, promovido pelo IPPAR, baseado na estratégia de valorização de toda a povoação. Assim, entre outras intervenções, criou-se um passadiço de visita no coroamento da muralha na zona da "Porta Norte", reconstruindo-se os torreões aí existentes e projectando a reconstrução de uma antiga casa de fundação manuelina para instalação do posto de turismo de Idanha-a-Velha, realizado no âmbito da filosofia de intervenção nos monumentos arqueológicos visitáveis, tendente a criar infra-estruturas imprescindíveis ao melhoramento da interpretação dos sítios visitados, ao mesmo tempo que a regular e disciplinar os fluxos de visita». In A. Martins, IGESPAR
 
Cortesia de CMINova/IGESPAR/JDACT