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Manhã de Abril
A mesa não será farta
como a dos grandes Mecenas:
o almoço virá de Esparta
e os convidados de Atenas.
Hão-de vir em carros d'oiro
as deusas do azul pagão,
e Baco em cima dum toiro
trazendo um odre na mão.
Já lá vem saindo Vénus
dentre as espumas radiantes...
Hão-de tocar os Silenos
nas banzas dos estudantes.
E, apesar da saia curta
e os olhos de Friné,
podes vir, ninguém te furta
o teu paletó, José.
A filha do taberneiro
é loira como as madonas,
convivas, o olimpo inteiro;
Menu da orgia, azeitonas.
Entre as sebes orvalhadas
vai passando a turba aldeã:
brilha o aço das enxadas
na rósea luz da manhã.
Poema de Guerra Junqueiro, in 'A Musa em Férias, Manhã de Abril'
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