sábado, 16 de novembro de 2013

Jazz Life. Num Mundo Imaginado. «Das tuas mãos divinas de Poeta herdei a lira que não sei tanger; por eleição ou maldição secreta, tenho uma grade para me prender. Cercam-me as cordas, de emoção, versos de ferro onde me rasgo inteiro. Mas, do fundo da alma e da prisão, obrigado…»

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«De um lado terra, doutro lado terra;
de um lado gente; doutro lado gente;
lados e filhos desta mesma serra,
o mesmo céu os olha e os consente.
O mesmo beijo aqui; o mesmo beijo além;
uivos iguais de cão ou de alcateia.
E a mesma lua lírica que vem
corar meadas de uma velha teia.
Mas uma força que não tem razão,
que não tem olhos, que não tem sentido,
passa e reparte o coração
do mais pequeno tojo adormecido».


«Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
a mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
os motins onde a alma se arrebata».


JDACT