sábado, 9 de novembro de 2013

A Linhagem do Santo Graal. Laurence Gardner. «Quando Moisés morreu, eles começaram a invadir a região abandonada por seus antepassados muito tempo atrás, mas Canaã (Palestina) tinha mudado consideravelmente nesse meio tempo, tendo sido infiltrada por ondas de filisteus e fenícios»

Cortesia de wikipedia

Linhagem dos Reis
«(…) O menino, Aminadab (nascido em 1394 a.C.), foi devidamente educado na região a leste do delta pelos sacerdotes egípcios de Rá. Depois, na adolescência, ele foi viver em Tebas. Naquela época, sua mãe tinha adquirido mais influência do que a rainha mais velha, Sitamun, que nunca tivera um filho e herdeiro do faraó, só uma filha chamada Nefertite. Em Tebas, Aminadab não aceitava as divindades egípcias com sua miríade de ídolos; e assim ele introduziu a noção de Áton, um deus omnipotente que não tinha imagem. Áton era, portanto, equivalente ao Adon dos hebreus (um título emprestado da língua fenícia e que significa Senhor), de acordo com os ensinamentos israelitas. Naquela época, Aminadab (o equivalente hebraico de Amenhotep: Amon está alegre) mudou o nome para Akhenáton, que significa Servo de Aton. O faraó Amenhotep passou por um período com problemas de saúde e, como não havia um herdeiro homem directo da casa real, Akhenaton desposou sua meio-irmã Nefertite para ser co-regente durante o conturbado período. No devido tempo, porém, quando Amenhotep III morreu, Akhenaton pôde ascender ao trono como faraó, ganhando o título oficial de Amenhotep IV. Ele e Nefertite tiveram seis filhas e um filho, chamado Tutankháton.
O faraó Akhenaton fechou todos os templos dos deuses egípcios e construiu novos templos a Aton. Ele também administrava uma casa distintamente doméstica, muito diferente da norma real no antigo Egipto. Ele se tomou impopular em muitas frentes, particularmente entre os sacerdotes da antiga divindade nacional, Amon (ou Amen) e do deus sol Rá (ou Re), o que resultou na proliferação de intrigas contra a sua vida. As ameaças de insurreição armada eram fortes, se ele não deixasse que os deuses tradicionais fossem venerados junto ao deus sem rosto, Áton. Mas Akhenaton recusou, e acabou sendo forçado a abdicar em favor de seu primo Smencare, que foi sucedido pelo filho de Akhenaton, Tutankhaton. Quando assumiu o trono aos 11 anos de idade, porém, Tutankhaton foi obrigado a mudar o nome para Tutankhamon, mas só viveu nove ou dez anos, morrendo ainda muito jovem.
Akhenaton, enquanto isso, foi banido do Egipto. Ele fugiu com alguns seguidores para a remota segurança de Sinai, levando seu cetro real, encimado por uma serpente de bronze. Para os seus partidários, ele continuava sendo o monarca por direito (o herdeiro ao trono que lhe fora usurpado) e ainda era considerado por eles o Mose, Meses ou Mosis, que significa herdeiro ou nascido de, como no nome Tuthmosis (nascido da Verdade) e Ramsés (modelado por Rá). Evidências do Egipto indicam que Moisés (Akhenáton) conduziu seu povo de Pi-Ramsés (perto da moderna Kantra) para o sul, através do Sinai, e na direcção do lago Timash. Era um território extremamente pantanoso e, apesar de passável a pé com certa dificuldade, qualquer cavalo ou carroça em perseguição cairia desastrosamente. Entre os seguidores de Moisés estavam as famílias de Jacó-Israel: os israelitas. E, com a inspiração de seu líder, eles construíram o Tabernáculo e a Arca da Aliança no sopé do monte Sinai. Quando Moisés morreu, eles começaram a invadir a região abandonada por seus antepassados muito tempo atrás, mas Canaã (Palestina) tinha mudado consideravelmente nesse meio tempo, tendo sido infiltrada por ondas de filisteus e fenícios. Os registos falam de grandes batalhas marítimas e de poderosos exércitos marchando para a guerra. Finalmente, os israelitas (sob seu novo líder, Josué) tiveram sucesso e, após atravessar o Jordão, tomaram Jericó dos cananeus, garantindo uma posição segura em sua tradicional Terra Prometida.
Após a morte de Josué, o período de governo nas mãos de Juízes nomeados foi um rol de desastres, até que as tribos hebraicas e israelitas se uniram sob o primeiro rei, Saul, por volta de 1048 a.C.. Futuramente, porém, com a conquista de Canaã mais completa possível, David de Belém se casou com a filha de Saul e se tomou rei de Judá (correspondente à metade do território palestino) por volta de 1008 a.C.. Subsequentemente, ele também adquiriu Israel (o equilíbrio do território) para se tomar rei geral dos judeus.

No Princípio Javé e a Deusa
Além das explorações militares dos israelitas, os compiladores do Antigo Testamento descreveram a evolução da fé judaica desde os tempos de Abraão. Não é a história de uma nação unificada devotada ao Deus Javé, e sim de uma seita tenaz que, a despeito de todas as dificuldades, esforçou-se para instituir a religião dominante de Israel. Na opinião deles, Javé era do sexo masculino, mas esse era um conceito sectário que originou muitos e graves problemas. No cenário mais amplo contemporâneo, entendia-se geralmente que a criação da vida deveria emanar tanto de uma fonte masculina como de uma feminina. Outras religiões, no Egipto, na Mesopotâmia e em outros lugares, tinham divindades de ambos os sexos. O deus masculino primário costumava ser associado ao sol ou ao céu, enquanto a divindade feminina primária tinha raízes na terra, no mar e na fertilidade. O sol dá sua força a terra e às águas, de onde surge a vida; uma interpretação muito natural e lógica.
Em relação a essas ideias teístas, um dos personagens mais flexíveis mencionados nos textos bíblicos é o filho do rei David, Salomão, célebre não só pela magnificência e esplendor de seu reino, mas por sua sabedoria. Muito tempo depois, o legado de Salomão seria crucial para a emergente cultura do Graal, pois ele foi o verdadeiro defensor da tolerância religiosa. Salomão foi rei séculos antes do período do cativeiro dos israelitas na Babilônia, e era uma parte importante do velho cenário. Na era de Salomão, Javé tinha considerável importância, mas outros deuses também eram reconhecidos. Era uma época espiritualmente incerta, na qual, não raro, as pessoas apostavam em deidades alternativas. Afinal de contas, com tal pletora de diferentes deuses e deusas sendo homenageados na região, seria falta de visão depreciar todos, excepto um, pois quem podia afirmar que os devotos hebreus estavam certos? Nesse sentido, a renomada sabedoria de Salomão era baseada no bom senso. Embora venerasse Javé, o Deus da seita de uma minoria, ele não tinha motivo para negar aos súditos o deus deles. Ele próprio não abriu mão de suas crenças nas forças da natureza, independentemente de quem ou o que as liderasse.
A veneração da divindade feminina primária era muito comum e popular em Canaã, onde ela assumia a forma da deusa Astorete. Ela correspondia a Ishtar, a principal deusa dos babilónios. Como Inana, seu templo sumério ficava em Uruk (Ereque na Bíblia, actualmente Warka) no sul da Mesopotâmia, enquanto na Síria e Fenícia, regiões próximas, ela seria chamada de Astarte, segundo os antigos gregos. O Santo dos Santos (Santuário interior) do Templo de Salomão supostamente representaria o ventre de Astorete (ou Asera, mencionada várias vezes no Antigo Testamento). Astorete era venerada abertamente pelos israelitas até o século VI a.C. Como senhora Asera, ela era esposa superior de EI, suprema divindade masculina, e juntos eles formavam o casal divino. Sua filha era Anat, rainha dos Céus, e seu filho, o rei dos Céus, era chamado He. Com o passar do tempo, os personagens separados de EI e He se fundiram para se tornarem Javé. Asera e Anat se tornaram uma, convertendo-se na consorte de Javé, conhecida como a Sekiná ou Matronit». In Laurence Gardner, A Linhagem do Santo Graal, A verdadeira história de Maria Madalena e Jesus Cristo, Madras Editora, 2004.

Cortesia de Madras/JDACT