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A Internet e o Universo
digital
No fim do século XX e à passagem para o século XXI,
verificamos que o processo de identidade profissional do jornalista continua em
mudança. Com o desenvolvimento da Internet surgiram claros desafios para os
órgãos de comunicação social, mas sobretudo surgiram necessidades novas para os
jornalistas portugueses de adaptação a novas linguagens. Novas formas de
jornalismo surgiram mas a necessidade de criar
ou experimentar essas formas não é fazê-lo à toa, como se o futuro nada tivesse
a ver com o passado. A maneira mais simples até de se familiarizar com o novo
meio é transpor para ele as formas tradicionais e depois, e só depois, começar
a experimentar. E esse foi o passo natural dado pelo ciberjornalismo
português e pelos ciberjornalistas portugueses. É certo que não podemos
esquecer a existência de projectos ciberjornalísticos portugueses totalmente
desfasados da realidade e que tiveram uma curta existência. Com a emergência do
ciberjornalismo foi rapidamente detectada, no sector empresarial e no campo do
ensino, a necessidade de profissionais formados para o jornalismo digital. Os
primeiros ciberjornalistas portugueses eram jornalistas transferidos das redacções
tradicionais. No contexto académico a formação passou também a olhar para o
ciberjornalismo como uma disciplina, a qual surgiu com o nome de ciberjornalismo na Universidade
Nova de Lisboa em, Fevereiro de 2000. A partir daí a disciplina passou a
integrar as várias licenciaturas de Ciências da Comunicação e Jornalismo das
Universidades portuguesas.
As necessidades dos órgãos de comunicação eram assim
combatidas já que estes exigiam jornalistas com domínio alargado de múltiplas capacidades, bem como a aptidão para
trabalhar em ciclos de notícias de actualização permanente. Em certos casos, o
ciberjornalista terá de redigir notícias, produzir fotografia, áudio e vídeo,
construir páginas Web, transpor conteúdos impressos ou audiovisuais para a
rede, acrescentar hiperligações, fornecer interfaces que permitam aos
utilizadores o recurso a bases de dados diversas. Se na imprensa surgiram
novas formas de trabalho, nas rádios a história não foi muito diferente. A
ligação ao multimédia, transformou a rádio, em claro benefício da interactividade.
A TSF, a Antena 1, e a Rádio Renascença, são três exemplos onde a aposta
informativa não se fica apenas pelas ondas da rádio. Nos respetivos sites existe
um claro intuito interactivo, desenvolvem-se novas linguagens (no caso da RR
o vídeo possui um claro espaço) e são potenciados novas formas de
apresentar o conteúdo veiculado pelas ondas hertzianas. Isto transforma o ouvinte num utilizador e
favorece a fragmentação das audiências, tendo modificado a forma de recepção radiofónica,
transformando o conceito de receptor. Hoje para além de se ouvir a rádio
podemos consultar o site da estação emissora. Outro desafio nasceu para
os jornalistas portugueses, o qual talvez no futuro venha a implicar alterações
na forma de ensino: o jornalismo para dispositivos móveis.
Esta nova forma de apresentar os conteúdos jornalísticos está a
obrigar, tal como o ciberjonalismo obrigou, a uma adaptação dos conteúdos, num
primeiro momento, mas a evolução de uma linguagem e de apresentação dos
conteúdos informativos parece-nos ser um passo necessário. Actualmente são várias
as investigações académicas em torno deste fenómeno e nas próprias redacções
assiste-se ao lançamento de vários projectos para dispositivos móveis. Ou seja,
o
jornalismo continua em grande evolução. No entanto, devemos estar
atentos. Afinal, com tantos avanços na tecnologia de transmissão surgem novas
problemáticas. Como afirma Richard Wurman, um dos problemas
contemporâneos é justamente o excesso de informação que pode provocar a
angústia (típica dos tempos actuais) ou até a desinformação». In Adriana Mello Guimarães e Nuno R. Fernandes, O
jornalismo em Evolução, Trabalho apresentado no III Seminário de
I&DT, organizado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação e Inovação do
Instituto Politécnico de Portalegre, Dezembro, 2012.
Cortesia do IPP/JDACT