sábado, 2 de novembro de 2013

A Linhagem do Santo Graal. Laurence Gardner. «Os anais de Ramsés II (c.1304-1237 a.C.) especificam que o povo semita se assentou na terra de Gósen, explicando que também para lá se dirigiram os semitas vindo de Canaã, em busca de alimento»

Cortesia de wikipedia

Ídolos Pagãos do Cristianismo
«(…) Subitamente, a Igreja e o povo perceberam que a religião nada tinha a ver, nunca tivera, com patriarcas e milagres. Ela tinha a ver, isso sim, com a crença num modo humanitário de vida, numa aplicação de padrões morais e valores éticos, de fé e caridade, além da constante busca por liberdade e salvação. Finalmente, toda contenda geral e contínua a respeito da natureza evolucionária da descendência humana era deixada de lado; esse era o território dos cientistas e a maioria das pessoas podia relaxar e aceitar o facto. A Igreja emergia como um oponente muito menos temível dos estudiosos, e o novo ambiente era mais agradável a todos os envolvidos. Para muitos, o texto da Bíblia já não tinha mais de ser considerado um dogma inviolável e venerado, por si. A religião estava incutida em seus preceitos e princípios, não no papel onde ela era impressa. Essa nova perspectiva abria espaço para infinitas possibilidades especulativas. Se Eva realmente era a única mulher existente e seus três filhos eram homens, então com quem seu filho Set se uniu para gerar as tribos de Israel? Se Adão não foi o primeiro homem na Terra, qual seria o seu verdadeiro significado? Quem ou o que eram os anjos? O Novo Testamento também tinha seus mistérios. Quem foram os Apóstolos? Os milagres realmente aconteceram? E o mais importante: a Concepção Imaculada e a Ressurreição de facto tinham ocorrido da maneira descrita? Consideraremos todas essas questões antes de seguirmos o caminho da linhagem do Graal em si. Na verdade, é imperativo conhecermos a origem histórica e o ambiente de Jesus para compreendermos os factos de seu casamento e sua paternidade. À medida que avançarmos, muitos leitores estarão pisando em solo totalmente novo, mas que já existia antes de ser acarpetado e escondido por aqueles cuja motivação era suprimir a verdade para reter o controle. Só quando removermos o carpete do disfarce estratégico, teremos sucesso em nossa busca pelo Santo Graal.

Linhagem dos Reis
De modo geral, já se reconhece que os capítulos iniciais do Antigo Testamento não representam o começo da história do mundo, como parecem sugerir. Mais precisamente, eles contam a história de uma família que se tornou uma raça compreendendo várias tribos, uma raça que se tornou à nação hebraica. Se Adão foi o primeiro de uma espécie, então ele deve ter sido o progenitor dos hebreus e das tribos de Israel. De facto, como descreve o livro, ele foi o primeiro de uma linhagem predestinada de governantes sacerdotais. Dois dos mais intrigantes personagens do Antigo Testamento são José e Moisés. Cada um teve um papel importante na formação da nação hebraica e ambos têm identidades históricas que podem ser examinadas independentemente da Bíblia. Em Gênesis 41, lemos como José se tornou Governador do Egipto. Disse o Faraó a José: administrarás a minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu... Desse modo, fê-lo governar sobre toda a terra do Egipto. Referente a Moisés, em Êxodo 11, descobrimos também que: Moisés era muito famoso na terra do Egipto, aos olhos dos oficiais do Faraó e aos olhos do povo. Entretanto, a despeito do status e de toda a proeminência, nem José nem Moisés aparecem em qualquer registo egípcio sob seus nomes bíblicos.
Os anais de Ramsés II (c.1304-1237 a.C.) especificam que o povo semita se assentou na terra de Gósen, explicando que também para lá se dirigiram os semitas vindo de Canaã, em busca de alimento. Mas por que os escrivães de Ramsés mencionariam esse povoado do delta do Nilo em Gósen? De acordo com a cronologia padrão da Bíblia, os hebreus foram para o Egipto uns três séculos antes da época de Ramsés e fizeram seu êxodo por volta de 1491 a.C., muito antes que ele chegasse ao trono. Assim, diante desse registo em primeira mão, vemos que a cronologia padrão da Bíblia está incorrecta. Tradicionalmente, presume-se que José foi vendido como escravo no Egipto na década de 1720 a.C. e nomeado Governador pelo Faraó uma década ou duas depois. Mais tarde, seu pai Jacó (cujo nome foi mudado para Israel) e 70 membros da família o seguiram até Gósen para escapar da fome em Canaã. Apesar disso, Gênesis 47, Êxodo 1 e Números 33 fazem referências à terra de Ramsés (egípcio: a casa de Ramsés) mas se tratava de um complexo de armazéns de grãos construídos pelos israelitas para Ramsés II em Gósen, uns 300 anos após a época em que, presumivelmente, se encontravam lá! Ao que parece, a versão judaica alternativa é mais correcta do que a Cronologia Padrão: José esteve no Egipto não no início do século XVIII a.C., mas no início do século XV a.C. Lá, ele foi nomeado Ministro Chefe de Tutmósis IV (c.1413-1405 a.C.). Para os egípcios, porém, José (Yusuf, o Vizir) era conhecido como Yuya, e sua história é particularmente reveladora, não só em relação ao relato bíblico de José, mas também com respeito a Moisés. O historiador e linguista nascido em Cairo, Ahmed Osman, fez um estudo profundo dessas personalidades em seu ambiente egípcio contemporâneo e as descobertas são de grande significado. Quando o faraó Tutmósis morreu, seu filho se casou com a irmã, Sitamun (como era a tradição faraónica) para poder herdar o trono como o faraó Amenhotep III. Pouco depois, ele desposou também Tiye, filha do Ministro Chefe (José Nuya). Foi decretado, porém, que nenhum filho de Tiye podia herdar o trono e, por causa da extensão de terras governadas por seu pai, José, havia um medo geral de que os israelitas estivessem ganhando poder demais no Egipto. Então, quando Tiye engravidou, foi passado um édito determinado que o bebé deveria ser morto ao nascer, se fosse menino. Os parentes israelitas de Tiye viviam em Gósen e ela possuía um pequeno palácio de verão, um pouco rio acima, em Zarw, para onde se dirigiu quando ia dar à luz. De facto, Tiye teve um menino, mas as parteiras reais conspiraram com ela e o colocaram à deriva num cesto de vime, que desceu o rio e foi parar na casa do meio-irmão de seu pai, Levi». In Laurence Gardner, A Linhagem do Santo Graal, A verdadeira história de Maria Madalena e Jesus Cristo, Madras Editora, 2004.

Cortesia de Madras/JDACT