sábado, 16 de novembro de 2013

Scodanibbio Reinventions. Quartetto Prometeo. «Água que à água torna, de luz franjada, abre-se a vaga em espuma. Movimento perpétuo, arco perfeito, que se ergue, retomba e reflui. Onda do mar que o mesmo mar sustenta, amor que de si próprio se alimenta»

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«Bem sei que as meias-solas que deitei
nas botas aprazadas não resistem
à calçada do tempo que discorro.
Talvez parado as botas me durassem,
mas quieto quem pode, mesmo vendo
que é desta caminhada que me morro».


«Essa linha que nasce nos teus ombros,
que se prolonga em braço, depois mão,
esses círculos tangentes, geminados,
cujo centro em cones se resolve,
agudamente erguidos para os lábios
que dos teus se desprenderam, ansiosos.
Essas duas parábolas que te apertam
no quebrar onduloso da cintura,
as calipígias ciclóides sobrepostas
ao risco das colunas invertidas:
tépidas coxas de linhas envolventes,
contornada espiral que não se extingue.
Essa curva quase nada que desenha
no teu ventre um arco repousado,
esse triângulo de treva cintilante,
caminho e selo da porta do teu corpo,
onde o estudo de nu que vou fazendo
se transforma no quadro terminado».

(na data do seu nascimento, 16 de Novembro; faria 91 anos)


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