sábado, 30 de novembro de 2013

Jazz. A Arte da Poesia. Cannonball Adderley. Milt Jackson. «Às vezes sou o Deus que trago em mim e então eu sou o Deus e o crente e a prece e a imagem de marfim em que esse deus se esquece. Às vezes não sou mais do que um ateu desse deus meu que eu sou quando me exalto. Olho em mim todo um céu e é um mero oco céu alto»

Cortesia de wikipedia


«Meus gestos não sou eu.
Como o céu não é nada,
o que em mim não é meu
não passa pela estrada.
O som do vento dorme
no dia sem razão.
O meu tédio é enorme.
Todo eu sou vácuo e vão.
Se ao menos uma vaga
lembrança me viesse
de melhor céu ou plaga
que esta vida! Mas esse
pensamento pensado
como fim de pensar
dorme no meu agrado
como uma alga no mar.
E só no dia estranho
ao que sinto e que sou
passa quanto eu não tenho,
'Stá tudo onde eu não estou.
Não sou eu, não conheço,
não possuo nem passo.
Minha vida adormeço
não sei em que regaço».


«Sou o fantasma de um rei
que sem cessar percorre
as salas de um palácio abandonado...
Minha história não sei...
Longe em mim, fumo de eu pensá-la, morre
a ideia de que tive algum passado...
Eu não sei o que sou.
Não sei se sou o sonho
que alguém do outro mundo esteja tendo…
Creio talvez que estou
sendo um perfil casual de rei tristonho
numa história que um deus está relendo...»


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