Fenómenos Inexplicáveis. Coincidências Estranhas
«(…) Nem sequer foi possível encontrar nenhuma testemunha do grupo de
resgate, já que os nomes dos participantes foram eliminados de todos os
documentos. Não obstante, o material encontrado no FBI descreve com bastante
precisão o possível local do acidente, um dos maiores campos de gelo do Alasca,
a meio caminho entre Anchorage e Juneau: o glaciar Malaspina, que foi baptizado
com o nome do navegador espanhol que em finais do século XVIII explorou as
costas do Alasca.
A Atracção do Gelo
Existe outro artigo jornalístico com data de 1972, que pode trazer alguma luz sobre o acidente do Cessna, escrito pelo piloto Don Jonz para
a revista Flying Magazine. Por
uma macabra coincidência foi publicado no número de Outubro, mesmo ao lado das
notícias sobre o avião desaparecido que ele próprio pilotava. No seu artigo, Jonz
levantava algumas dúvidas sobre o papel do gelo como factor de risco para a
aviação e chegava a afirmar que pilotos suficientemente
inteligentes, hábeis e treinados, conseguiam evitar a ameaça do gelo em quase
99 por cento. Terá Jonz tentado
demonstrar que possuía todas estas qualidades? Mike O'Neill, outro
piloto acostumado às duras condições climáticas do Alasca, percorreu uma rota
paralela à do aparelho de Jonz no próprio dia do seu acidente, em 1972. O'Neill recorda que teve de subir
acima dos 3600 metros de altitude para evitar
as descargas de gelo que podem desestabilizar o focinho dos aviões mais
pequenos. É uma hipótese a considerar para o que aconteceu a Jonz,
assegura. Para a maioria dos seus companheiros, o artigo que Jonz publicou em Flying Magazine era uma demonstração
arrogante de superioridade, enquanto para outros, não passava de um reflexo do
seu sarcástico sentido de humor. Mas terá arriscado tanto que acabou por ser o
culpado do que aconteceu com o Cessna
310?
Não obstante, e embora a atitude do piloto possa ter em parte provocado
o acidente, o facto é que continua sem se saber onde estão os restos da
aeronave. E mais importante ainda, por que razão, passados mais de trinta anos,
eles ainda não apareceram. Os nativos cliquot têm uma resposta para esta
pergunta: é obra dos kushtakas, espíritos malignos, meio homens meio lontras.
Os kushtakas aparecem aos viajantes
perdidos nos bosques e nas águas sob aparências diversas, por exemplo, a de um familiar morto há algum tempo e, desta
forma, conseguem levar as pessoas para o seu reino. Menos mágica e
sobrenatural do que esta explicação inspirada nas lendas ancestrais da zona, é
a teoria de que os inúmeros glaciares do Alasca terão sido, muito
provavelmente, os responsáveis pelos inúmeros desaparecimentos que aconteceram
neste estado e não os espíritos kushtakas. Os glaciares não são
propriamente blocos de gelo sólido, pois o seu interior está cheio de câmaras vazias
e de enormes gretas que por vezes alcançam o tamanho de um bloco de escritórios
capazes de tragar um avião que caia na neve. Mais de trinta anos depois, o
movimento do glaciar Malaspina, onde se pensa que o voo de Boggs e Begich
terá caído, pode ter arrastado os corpos para vários quilómetros de
distância do local do impacto. Ou então, os restos podem estar sepultados sob
toneladas e toneladas de gelo e permanecerem ali até que, dentro de vários
séculos, o glaciar os expulse das suas entranhas juntamente com os icebergues
que todos os anos lança no mar. E até que isso aconteça, ninguém saberá
exactamente porque é que, naquela manhã de 16 de Outubro de 1972, um avião com dois políticos de Washington a bordo terá desaparecido sem
deixar rasto». FIM. In Canal da História, O Alasca e o seu
Triângulo das Bermudas, Os Grandes Mistérios da História, 2008, Clube do Autor,
Lisboa, 2010, ISBN 978-989-845-206-1.
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