«Quando
escrevo, a minha máxima ambição, a minha primordial preocupação, é escrever
bem. Tudo depende da Palavra. Exacta, rigorosa, insubstituível. Sem a palavra
exacta não é possível dizer o que mais importa daquilo que se diz. A sabedoria
talvez seja isso: o rigor da palavra, encontrar a palavra exacta». Sempre vivi
entre livros: lendo ou escrevendo. Justo parece que dedique agora a vida a fazer
ler os outros… Ensinai a toda a gente, Ex-libris
de Branquinho da Fonseca.
Memórias de Papel
«Em 1997, Tomás da Fonseca doou à Câmara Municipal de Cascais
parte do arquivo de seu pai, António José Branquinho da Fonseca,
com vista à preservação, tratamento arquivístico, comunicação e difusão da
preciosa documentação produzida e recebida pelo ilustre poeta, tradutor, autor
dramático e ficcionista, a quem Cascais deveu, para além da introdução de
importantes melhoramentos no Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães, a
implementação de uma pioneira biblioteca itinerante, que contribuiu, desde 1953, para a difusão da leitura nas
localidades mais afastadas da vila. O município, que já promovia, desde 1995, o Prémio Branquinho da Fonseca de Conto Fantástico, não mais
deixou de evocar esta incontornável figura da cultura portuguesa, concebendo,
para o efeito, várias exposições documentais, casos de António José
Branquinho da Fonseca: Uma vida, em 2001,
na Fundação Calouste Gulbenkian; António José Branquinho da Fonseca:
1905-1974, em 2006, no Museu-Biblioteca
Condes de Castro Guimarães; e, agora, Branquinho da Fonseca: Um escritor na
biblioteca, na Biblioteca Municipal de Cascais, S. Domingos de Rana, de que
resulta este catálogo. Para além da organização de conferências acerca da sua
obra literária, a autarquia incentivou, ainda, a utilização e reprodução de
documentação do arquivo de Branquinho da Fonseca em edições e
mostras consideradas de interesse para a sua divulgação, nomeadamente nas
revistas Boca do Inferno e Colóquio: Letras, ou na evocação
preparada, em 2005, pela Câmara
Municipal de Mortágua. A 28 de Novembro de 2003,
no âmbito do projeto Casas com Memória, destinado a identificar
edifícios do concelho que tenham alojado personalidades de relevo para a
história local e nacional, procedeu-se, também, à colocação de uma placa na
fachada do n.º 4 da Rua Tenente Valadim, em Cascais, onde Branquinho residiu durante décadas. De forma a permitir o acesso
remoto e não mediado aos conteúdos do valioso acervo, o Arquivo Histórico
Municipal de Cascais procedeu, entretanto, à classificação e catalogação da
documentação em presença. O Fundo foi, então, organizado em seis secções:
Documentos pessoais; Correspondência; Manuscritos, dactiloscritos e provas;
Obra impressa; Recortes de imprensa e estudos sobre o autor e a obra; e
Biblioteca, subdivididas em vinte e uma séries.
Por ocasião da inauguração da exposição comemorativa do 70.º
aniversário da tomada de posse de Branquinho da Fonseca como
conservador-bibliotecário do Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães, o
Fundo passou a ser disponibilizado para consulta no Arquivo Histórico Digital
de Cascais, Para além das 1047 descrições das peças preservadas, o catálogo
faculta, ainda, a todos os interessados digitalizações de parte substancial das
tipologias em presença, de forma a facilitar o conhecimento do acervo, com
especial destaque para os documentos iconográficos, caso das fotografias ou das
capas de obras editadas. Assegura-se, pois, a difusão deste arquivo, em que,
para além de documentos recolhidos ao longo da carreira profissional e literária
de Branquinho
da Fonseca, se preservam, também, algumas peças de pendor mais pessoal,
fundamentais para a reconstituição do seu percurso de vida, que intentaremos
promover em seguida, tendo por base a documentação conservada, sem menosprezar
a devida contextualização histórica». In João Miguel Henriques, Branquinho da
Fonseca, Um Escritor na Biblioteca, Câmara Municipal de Cascais, Departamento
de Cultura, 2012, ISBN 978-972-637-247-9.
Cortesia da
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