segunda-feira, 16 de junho de 2014

Vasco Esteves de Gatuz e o seu Túmulo Trecentista em Estremoz. Mário Nunes Costa. «… teremos passado por algum dos seus parentes atrás revelados? Haverá, por exemplo, alguém com o nome de seu irmão, Martim Esteves? Há, com efeito. É Martim Esteves de Molles…»

Antigas terras de Gatuz, entre Santo Aleixo (Monforte) e a Defesa de Vila Fernando (Elvas)
jdact

Identificação de ‘Gatuz’
«(…) Fica, assim, provado que Gatuz é topónimo português anterior a 1277, isto é, já existia mais de oitenta e seis anos antes de Vasco Esteves fazer testamento. É, pois, sem dúvida, anterior ao seu nascimento. A palavra Gatuz, aplicada desde, pelo menos, a segunda metade do século XIII a uma área territorial apreciável, mas parcelada, está hoje perdida como denominação, quer de herdades, quer de uma torre, quer de um ribeiro. Como topónimo, foi usada, que saibamos até à segunda metade do século XVII, dela nos dando lembrança António Carvalho Costa, em 1712. Um pouco mais tarde, em 1758, o pe. Miguel Martins Mendes, pároco da freguesia de Santo Aleixo, no termo de Monforte, ao qual pertencia então a referida área, ao citar as herdades da sua freguesia, muitas das quais com designações que subsistem ainda hoje, aponta a da Torre do Curvo, ao tempo do senhorio dos religiosos de Santo Agostinho Calçados (Gracianos) do Convento de Nossa Senhora da Penha de França de Lisboa (a citada por António Carvalho Costa), outras herdades com o mesmo nome, mas dos religiosos Gracianos do Colégio de Coimbra, e a herdade do Pego do Curvo, também senhorio destes últimos. Mas não faz qualquer referência a Gatuz. Em Aires Varela, no Theatro das Antiguidades d’Elvas (Elvas, 1915), como em Victorino Almeida, nos seus Elementos para urn Diccionario de Geographia e Historia Portugueza. Concelho d’Elvas e extinctos de Barbacena, Villa-Boim e Villa Fernando (Elvas, 1888-1891), também não encontramos referência a Gatuz. Sondagens feitas por nós no concelho de Monforte, também não tornarem possível encontrar quem, na região, conservasse ainda hoje memória desse topónimo perdido do Alto Alentejo.

O problema da ascendência de Vasco Esteves
Voltemos ao problema da ascendência do nosso biografado, agora que estão adquiridos alguns dados relativos, iniludivelmente, a ele e a alguns parentes próximos. Se na árvore genealógica da família Gato, nos séculos XIII e XIV não encontramos até agora, como se disse, nenhum Vasco Esteves, teremos passado por algum dos seus parentes atrás revelados? Haverá, por exemplo, alguém com o nome de seu irmão, Martim Esteves? Há, com efeito. É Martim Esteves de Molles, filho de D. Teresa Martins e de Estêvão Pais de Molles.

NOTA: Martim Esteves ou Martim Esteves de Molles foi neto, por parte da mãe, de Martim Anes ou Martim Anes Cunha e de D. Sancha Gomes Silva, logo trineto, por parte da bisavó, D. Sancha Soares, de D. Constança Afonso Gata e de Soeiro Pires Azevedo. Martim Esteves de Molles foi casado com D. Maria ou Moor Fernandes, filha de Fernão Rodrigues Bugalho e de D. Maria Afonso, filha de Afonso Guilherme, de Santarém. Ignoramos se teve geração e, em caso afirmativo, se teve filhas e alguma delas se chamou Leonor Martins, nome de uma das sobrinhas de Vasco Esteves.

Homem que foi, por parte da mãe, tetraneto de Afonso Pires Gato e trineto de D. Constança Afonso Gato, ignoramos quando nasceu e quando morreu, mas é possível que a sua morte se tenha dado antes do lavrar do testamento, de Vasco Esteves. Viveu no Alentejo, tendo deixado ao tempo amarga lembrança em Alter do Chão, onde matou doze dos seus melhores homens-bons, por o terem corrido da povoação e o rei Afonso IV (1325-1357) não ter corrigido a situação». In Mário Alberto Nunes Costa, Vasco Esteves de Gatuz e o seu Túmulo Trecentista em Estremoz, Academia Portuguesa da Historia, 1993, ISBN 972-624-094-8.

Cortesia da AP da Historia/JDACT