sábado, 12 de janeiro de 2019

O Mito Maçónico. Jay Kinney. «De acordo com as palavras de Hall, a Franco-Maçonaria data dos tempos imemoriais em que a ilha da Atlântida, supostamente, existia, recheada de antiga e avançada sabedoria»

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Rufiões do Púlpito
«(…) Apesar de a Franco-Maçonaria actual se distanciar do espírito revolucionário desses tempos inaugurais, ainda conserva muitos ideais iluministas, como a ideia de uma fraternidade entre os homens, na qual confluem indivíduos de religiões distintas, uma regra que faz com que aqueles que pretendem reformar o mundo de acordo com uma visão ou ideologia monoteísta observem a Franco-Maçonaria como sendo uma ameaça.

Babilónia-Mistério
Muitas das suspeitas sobre o Ofício relacionam-se com interrogações suscitadas pelas suas origens nebulosas. Desde que a primeira Grande Loja foi fundada em Londres, no ano de 1717, que as diversas teorias concorrentes sobre as origens da Franco-Maçonaria têm sido problemáticas para os historiadores. Já existiam lojas maçónicas em actividade antes dessa data; e foram quatro dessas lojas de pedreiros de Londres que se organizaram numa espécie de federação a que chamaram de Grande Loja, com o objectivo de regular e sistematizar o trabalho da Franco-Maçonaria. Mesmo assim ainda é difícil dizer-se que a moderna Franco-Maçonaria, que se assume como especulativa (filosófica e ética), evoluiu directamente da maçonaria operativa (as comuns confrarias de pedreiros), cujas oficinas se popularizaram na Europa durante a Idade Média. Tantas conjecturas deram azo a que florescessem inúmeras hipóteses diferentes sobre as origens da Maçonaria. Elas vão, invariavelmente, na direcção do passado, a uma época anterior à idade do Iluminismo. O sabor deste género de teorias românticas pode ser provado, por exemplo, nesta transcrição de um livro escrito por Manly Palmer Hall, um autor prolífico que estudou temas místicos e esotéricos:

A Maçonaria é uma universidade que ensina as artes liberais e as ciências da alma a todos aqueles que se mostrem sensíveis às suas palavras. É uma sombra da grande Escola Atlante de Mistérios, que, em todo o seu esplendor existiu na Cidade dos Portões Dourados, no local em que, agora, o Oceano Atlântico se agita em marés inquebrantáveis.

De acordo com as palavras de Hall, a Franco-Maçonaria data dos tempos imemoriais em que a ilha da Atlântida, supostamente, existia, recheada de antiga e avançada sabedoria. Quando ela se afundou, é lógico que os sacerdotes atlantes encontraram um modo de escapar ilesos para a terra seca do Egipto e foram eles os verdadeiros precursores dos Mistérios Egípcios. Isto segundo Hall... Que a existência da ilha da Atlântida nunca tenha sido provada, nem sequer demonstradas as pretensas ligações que teria com o Egipto, não interessa nada.
Mesmo assim, a hipótese atlante não é muito mais fantasiosa do que a origem tradicional que a Franco-Maçonaria oferece de si mesma. A história oficial da Franco-Maçonaria, escrita nas Constituições da primeira Grande Loja de Londres, em 1723 e 1738, pelo reverendo John Anderson, traçam a origem da Franco-Maçonaria ate à pia linhagem de Adão, descrito nesses documentos como sendo o primeiro sábio maçónico. Em 1737, Andrew Michael Ramsay (o Chevalier Ramsay), um maçon escocês que vivia em França e que apoiava a campanha que desejava devolver o trono à casa de Stuart, compôs um famoso discurso (Discurso de Ramsay) que, alegadamente, queria entregar à Grande Loja de França (fundada em 1732)». In O Mito Maçónico, Jay Kinney, 2009, tradução de David Soares, Saída de Emergência, 2010, ISBN 978-989-637-176-0.

Cortesia de SEmergência/JDACT