terça-feira, 27 de maio de 2014

A História Secreta dos Jesuítas. Edmond Paris. «O fundador da Companhia de Jesus, o basco espanhol Inigo Lopez Recalde, nasceu no castelo de Loyola, na província de Guipuzcoa, em 1491. Foi um tipo de monge-soldado dos mais estranhos já engendrados pelo mundo católico»

Cortesia de wikipedia

«(…) Vejamos agora como o papa João XXIII se expressou ao se referir aos jesuítas: Perseverem, queridos filhos, nas actividades que já vos trouxeram méritos reconhecidos. Assim vós alegrareis a Igreja e crescereis com incansável fervor: o caminho do justo é como a luz da aurora... E que a luz cresça e ilumine a formação dos adolescentes... No seu livro, Le Silence de Pie XII, publicado por du Rocher, Mónaco, 1965, o autor Cario Falconi escreve em especial: A existência de tais monstruosidades, extermínios em massa de minorias étnicas, civis prisioneiros e deportados, ultrapassa de longe qualquer conceito de bem e mal. Desafia a dignidade dos seres individuais e da sociedade em geral de tal forma, que leva a denunciar aqueles que poderiam ter influenciado a opinião pública, sendo eles simples civis ou dirigentes de governos. Para manter o silêncio diante de tamanho ultraje, deve-se levar em conta uma colaboração inequívoca. Esta estimularia a vilania dos criminosos, instigando a sua crueldade e vaidade. Mas se todo o homem tem o dever moral de reagir quando confrontado com tais crimes, as sociedades religiosas e seus dirigentes são duplamente obrigados a isso e, acima de tudo, a Igreja Católica.
Pio XII nunca expressou uma condenação directa e explícita da guerra de agressão, muito menos com respeito aos crimes indescritíveis cometidos pelos alemães ou seus cúmplices durante a guerra. Ele não se manteve em silêncio por não saber o que estava acontecendo; sabia da gravidade da situação desde o começo, talvez até melhor do que qualquer outro chefe de Estado do mundo. O pior ainda está por vir! O Vaticano prestou ajuda na execução desses crimes, alugando alguns de seus prelados para que estes se tornassem agentes pró-nazistas. Também enviou para a Croácia seu próprio representante, R.P Marcone que, auxiliado por Stepinac, vigiava as actividades de Ante Pavelitch e seus assessores. Onde quer que procuremos, o mesmo espetáculo edificante se apresenta. Muito sofrimento, condição de vida desumana, desespero e milhões de mortes nos chamados campos de concentração nazistas: este foi o resultado do apoio da Igreja Católica a Hitler. Dessa forma, vós ajudareis a levar avante nossos desejos e preocupações espirituais... Nós concedemos nossa bênção apostólica de todo o coração ao vosso prior, a vós e a vossos coadjutores, e a todos os membros da Companhia de Jesus.
E do papa Paulo VI: Desde o tempo de sua restauração, esta família religiosa tem recebido a carinhosa ajuda de Deus, e tem enriquecido rapidamente e com grande progresso. Os membros da Companhia têm realizado grandes façanhas, tudo para a glória de Deus e para o benefício da religião católica. A Igreja precisa de soldados de Cristo com valor, armados com uma fé destemida, prontos para enfrentar dificuldades. É por isso que temos muitas esperanças na ajuda que vossa actividade possa trazer, e que a nova era encontre a Companhia no mesmo caminho honrado que ela seguiu no passado (pronunciado em Roma, próximo à Basílica de São Pedro, em 20 de Agosto de 1964, durante seu segundo ano como papa). Em 29 de Outubro de 1965, o jornal Osservatore Romano anunciou: O reverendíssimo padre  Arrupe, prior dos jesuítas, celebrou a Missa Sagrada pelo Concilio Ecumênico em 16 de Outubro de 1965. Eis a apoteose da ética papal: Um pronunciamento simultâneo sobre um projecto de beatificação de Pio XII e João XXIII. Para fortalecer a nós mesmos em nossa busca de uma renovação espiritual, decidimos iniciar os procedimentos canónicos para a beatificação destes dois pontífices grandes e iluminados e que são tão queridos a todos nós(?) (papa Paulo VI). Que este livro revele a todos aqueles que o lerem a verdadeira natureza deste mestre romano, cujas palavras são tão melífluas (brandas e harmoniosas) quanto ferozes são suas acções secretas.
O fundador da Companhia de Jesus, o basco espanhol Inigo Lopez Recalde, nasceu no castelo de Loyola, na província de Guipuzcoa, em 1491. Foi um tipo de monge-soldado dos mais estranhos já engendrados pelo mundo católico: de todos os fundadores de ordens religiosas, ele talvez tenha sido o de personalidade mais marcante na mente e comportamento de seus discípulos e sucessores. Esta pode ser a razão para aquela aparência familiar ou marca, facto que chega ao ponto da semelhança física entre eles. Folliet questiona este facto, mas muitos documentos provam a permanência de um tipo jesuíta através dos tempos. O mais interessante destes testemunhos se encontra no museu Guimet. Sobre o fundo dourado de uma tela do século XVI, um artista japonês pintou, com todo o humor de sua raça, a chegada dos portugueses e dos filhos de Loyola, em particular, nas ilhas nipónicas. O espanto desse amante da natureza e das cores fortes é explícito na maneira como representa aquelas sombras longas e escuras, com suas faces desoladas, sobre as quais se capta toda a arrogância do dirigente fanático. A semelhança entre o trabalho do artista oriental do século XVI e nosso Daumier, de 1830, está aí para todos verem.
À semelhança de tantos outros santos, Inigo, que posteriormente romanizou seu nome e se tornou Ignácio, parecia longe de ser aquele predestinado a iluminar os seus contemporâneos. A sua juventude atormentada foi repleta de erros e mesmo crimes hediondos. Um relatório policial afirma que era traiçoeiro, brutal e vingativo. Todos os seus biógrafos admitem que ele não recuava nem mesmo diante de seus melhores amigos, no que envolvia a violência dos instintos, então uma coisa comum. Era necessário um golpe físico violento para mudar sua personalidade». In Edmond Paris, Histoire secrète des jésuites, A História Secreta dos Jesuítas, tradução de Josef Sued, 1997, Chick Publications, 21ª edição, Fundação Biblioteca Nacional, 2000, ISBN 093-795-810-7.

Cortesia de FBN/JDACT