Aniversário
Aniversário efeméride dolorosa quando se não espera
sinais de manso dizer de uma esperança
quando desaprendemos de esperar já morremos
o circo fechou as suas luzes e cheira a suor e alvaiade
e encontro esse homem nas tesouras do tempo
no jardim a dormir num banco ramo seco de uma árvore de raiz.
E amo desesperadamente esse pária do banco público
sem nada fazer e tanto sabendo
quantos anos faço hoje? Tantos ritos tanto amor sangrado
cheira a suor e alvaiade
cansados e brancos todos os rostos.
Poema de Matilde Rosa Araújo, in ‘Voz Nua’
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