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«Arez é actualmente uma freguesia do
Concelho de Nisa, pertencente ao Distrito de Portalegre, localizada na região
do Alto Alentejo. Na descrição heráldica e na representação do seu Brasão
consta a Cruz da Ordem de Aviz, no entanto foi possível verificar através da
investigação para o tema da dissertação do Mestrado em História Regional e
Local, e no sentido da identificação de um problema através de um símbolo
heráldico, que de facto Arez foi Comenda da Ordem Militar de Cristo. E foi
nesse âmbito que se centrou a respectiva investigação que deu origem ao
referido estudo. A escolha foi, também, justificada pelo facto de não existir,
ainda, nenhum estudo monográfico sobre a freguesia em questão, no âmbito dos
estudos locais do Concelho de Nisa, apesar de já existirem referências
históricas à sua existência a partir dos finais do séc. XII. A contextualização
introdutória e genérica do espaço onde está inserida, foi assim neste caso,
baseada no conceito de Fronteira, numa lógica de consolidação da formação
territorial pelo povoamento. Teve particular importância o processo de
senhorialização levado a cabo pela Ordem do Templo. Arez era uma terra senhorial,
fazendo parte da Vigairaria de Tomar. Do plano de estudo constou, entre outros
elementos, a análise da respetiva Carta de Foral, dada por Manuel I, em 20 de
Outubro de 1517, em Lisboa. Assim como foi efectuada a consulta e análise da documentação
referente aos Tombos da Ordem de Cristo e Chancelaria de Manuel I, entre
outras, tal como foram elaborados estudos comparativos com as outras Comendas
da região pertencentes à mesma Ordem. Outra base para o trabalho foi o
levantamento da informação da Toponímia local, assim como da análise da
documentação referente à Misericórdia de Arez, ainda existente. Pretendeu-se,
na medida do possível, identificar uma evolução histórica da localidade desde o
séc. XIII ao séc. XVIII, com base não apenas na preocupação em cartografar o
espaço, mas caracterizando-a também através dos indicadores económicos
relativos à demografia histórica, afim de enquadrar a sua importância numa perspectiva local e
regional.Arez situa-se numa zona de confluência de
duas Ordens Militares, como o atesta o marco de divisão das terras das Ordens
do Hospital e Ordem de Cristo, ainda hoje visível no lugar da Urra e como o
comprova a documentação ainda no século XVII. Torna-se assim necessário uma introdução
à noção do conceito de fronteira nos seus diversos aspectos afim de ser
entendida numa lógica de consolidação da formação territorial pelo povoamento.
A situação geográfica da vila de Arez que está implantada entre as vilas de
Amieira, do Priorado do Crato, e Niza, da Ordem de Cristo, situada também numa
região de fronteira com Castela, numa zona ainda de divisão das províncias da
Beira e Alentejo e sobretudo numa zona de fronteira de territórios de duas
Ordens Militares. Importa assim, uma abordagem à contextualização nacional e
também à Ordem do Templo e mais tarde à Ordem de Cristo e ainda à Ordem do
Hospital.
A Contextualização
Nacional
Nos meados do século XI, mais de metade do Portugal de hoje era ainda muçulmano, gradualmente, a ofensiva cristã foi reduzindo esse espaço, um século passado, quando o Tejo se alcançou definitivamente como fronteira, restavam ainda aos Mouros 37 300 Km2. Na década de 1230, pertenciam ao Islão menos de 15 300 Km2. Por último, o que ficou aos muçulmanos entre 1238 e a conquista final de 1249 não compreendia 2500 Km2.Em meados do século XII, o novo reino tinha uma área aproximadamente de 34 000 Km2. Era um país muito pequeno se comparado com o século XX, no entanto, era um território já razoável em extensão na Europa do século XII. Vários outros reinos se lhe podiam comparar, como fossem Aragão, Navarra, a maior parte das Taifas, Jerusalém, etc. Mostrava-se um país bastante homogéneo na sua parte fundamental, no que dizia respeito ao clima, à vegetação, características do solo, tipos e formas de povoamento humano, propriedades e tradição religiosa, política e administrativa. O povo falava a mesma língua e dialectos. A densidade de população variava consideravelmente de região para região. O coração do Condado Portucalense, ou seja a área entre os rios Lima e Ave, tinha a alta densidade de quase 2,5 paróquias por cada 10 Km2. Outro tanto se registaria no território entre o Lima e o Minho. O sul de Portugal constituía terra de fronteira, mais francamente povoada. A maior parte do povoamento era disperso, como o exigiam as condições do solo e do clima. Apesar de todas as invasões, razias e ocupações, a população jamais fora erradicada dos seus lares. Se havia poucos centros urbanos, existia em contrapartida, grande número de unidades rurais de exploração da terra por onde se espalhavam os habitantes. O aumento demográfico dos séculos XI a XIII chegou provavelmente a Portugal como a toda a Europa. À Igreja seguia-se imediatamente o rei na posse de propriedade territorial. O seu património fora adquirido por confisco, quer de terras fiscais (isto é, bens do fisco muçulmano) quer de terras cujos proprietários haviam desaparecido ou tinham sido mortos sem esperança de sucessão regular. A fortuna régia ainda incluía rendas e tributos sobre os seus novos súbditos. Mas os monarcas medievais eram prontos a dar o que tinham obtidos por direito de conquista. Uma terceira parte dos bens fundiários e móveis estava nas mãos da nobreza. Embora a terra fosse a principal fonte de riqueza e o seu trabalho a ocupação da esmagadora maioria, existiam mais origens de rendas e de património e outras actividades possíveis, sobretudo dentro dos principais núcleos populacionais. Era o caso do comércio, do artesanato e dos serviços. Muitos cavaleiros-vilãos e muitos peões baseavam nessas actividades o seu modo de vida e extraíam delas o seu estatuto social». In Ana Santos Leitão, Arez da Idade Média à Idade Moderna, Tese de Mestrado, Edições Colibri, Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2013, CM de Nisa.
Nos meados do século XI, mais de metade do Portugal de hoje era ainda muçulmano, gradualmente, a ofensiva cristã foi reduzindo esse espaço, um século passado, quando o Tejo se alcançou definitivamente como fronteira, restavam ainda aos Mouros 37 300 Km2. Na década de 1230, pertenciam ao Islão menos de 15 300 Km2. Por último, o que ficou aos muçulmanos entre 1238 e a conquista final de 1249 não compreendia 2500 Km2.Em meados do século XII, o novo reino tinha uma área aproximadamente de 34 000 Km2. Era um país muito pequeno se comparado com o século XX, no entanto, era um território já razoável em extensão na Europa do século XII. Vários outros reinos se lhe podiam comparar, como fossem Aragão, Navarra, a maior parte das Taifas, Jerusalém, etc. Mostrava-se um país bastante homogéneo na sua parte fundamental, no que dizia respeito ao clima, à vegetação, características do solo, tipos e formas de povoamento humano, propriedades e tradição religiosa, política e administrativa. O povo falava a mesma língua e dialectos. A densidade de população variava consideravelmente de região para região. O coração do Condado Portucalense, ou seja a área entre os rios Lima e Ave, tinha a alta densidade de quase 2,5 paróquias por cada 10 Km2. Outro tanto se registaria no território entre o Lima e o Minho. O sul de Portugal constituía terra de fronteira, mais francamente povoada. A maior parte do povoamento era disperso, como o exigiam as condições do solo e do clima. Apesar de todas as invasões, razias e ocupações, a população jamais fora erradicada dos seus lares. Se havia poucos centros urbanos, existia em contrapartida, grande número de unidades rurais de exploração da terra por onde se espalhavam os habitantes. O aumento demográfico dos séculos XI a XIII chegou provavelmente a Portugal como a toda a Europa. À Igreja seguia-se imediatamente o rei na posse de propriedade territorial. O seu património fora adquirido por confisco, quer de terras fiscais (isto é, bens do fisco muçulmano) quer de terras cujos proprietários haviam desaparecido ou tinham sido mortos sem esperança de sucessão regular. A fortuna régia ainda incluía rendas e tributos sobre os seus novos súbditos. Mas os monarcas medievais eram prontos a dar o que tinham obtidos por direito de conquista. Uma terceira parte dos bens fundiários e móveis estava nas mãos da nobreza. Embora a terra fosse a principal fonte de riqueza e o seu trabalho a ocupação da esmagadora maioria, existiam mais origens de rendas e de património e outras actividades possíveis, sobretudo dentro dos principais núcleos populacionais. Era o caso do comércio, do artesanato e dos serviços. Muitos cavaleiros-vilãos e muitos peões baseavam nessas actividades o seu modo de vida e extraíam delas o seu estatuto social». In Ana Santos Leitão, Arez da Idade Média à Idade Moderna, Tese de Mestrado, Edições Colibri, Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2013, CM de Nisa.
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