segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Gaivotas e mar no 31. Alexandre O'Neill. «O meu peito contra o teu peito, cortando o mar, cortando o ar. Num leito há todo o espaço para amar!»

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O Beijo
«Congresso de gaivotas neste céu
como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.

Donde teria vindo! (Não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
mandado de captura ou de despejo?

É uma ave estranha: colorida,
vai batendo como a própria vida,
um coração vermelho pelo ar.

E é a força sem fim de duas bocas,
de duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...»
Alexandre O'Neill, in “No Reino da Dinamarca”

O Amor é o Amor
O amor é o amor, e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...

O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor
e trocamos, somos um? somos dois?
espírito e calor!

O amor é o amor, e depois?
Alexandre O'Neill, in “Abandono Vigiado”

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