«(…) Não é o presente catálogo mais que um indículo, provisório,
porquanto incompleto, como todos os catálogos bibliográficos, mas precursor no
seu género, dedicado ao exclusivo recenseamento e antologia da produção
literária centrada na Ordem dos Pobres Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pretende-se, deste modo, facultar, a curto prazo, o acesso a um acervo organizado,
apresentado e comentado de acordo com uma metodologia desinibida e sistémica, a
qual presidirá ao tratamento de toda a informação veiculada. Independentemente
das expectativas, essa circunstância será uma garantia de seriedade, além de
possuir a vantagem óbvia de contribuir para dissuadir da sua pulsão
efabulatória os hermeneutas oportunistas e os vendilhões do Templo.
Lírica
Trovadoresca
Anónimo. Vi los valientes Templarios. Cantiga de escárnio, reproduzida por Anselmo Braamcamp
Freire (Brasões da Sala de Sintra. Fernando Peres Andrada foi
primogénito e senhor de Puente de Eume, Ferrol e Vilalba, na Corunha. Aires Sá
(Frei Gonçalo Velho) apresenta-o em Canaveses, no dia 5 de Agosto de 1355, na qualidade de um dos doze
vassalos do Infante Pedro que haviam jurado aconselhá-lo a observar o
Tratado de concórdia celebrado com seu pai, o rei Afonso IV. Pelo seu lado,
Braamcamp Freire conjectura, invocando para o efeito Fernão Lopes, Crónica de
D. Fernando, cap. XCIX, que Fernão Peres Andrade fosse irmão ou primo coirmão
do mestre de Cristo Nuno Rodrigues Freire, preceptor de João,
filho natural de Pedro e D. Teresa Lourenço, para quem pediu, em 1364, o mestrado de Avis, visto Fernão
Peres ser tio de Rui Freire, filho do mestre Nuno;
Gil Peres Conde, Non
é Amor en caz d’e[l]-rrey. In Cancioneiro da Biblioteca
Nacional, 1525 e Cancioneiro
Coluci-Brancuti, 398. O sirventês em questão, composto quase certamente
durante a guerra de Granada, é considerado por Rodrigues Lapa, Lições
de Literatura Portuguesa: época medieval, Lisboa, 1934, a obra prima deste trovador, fidalgo português e autor de 34 cantigas de escárnio e maldizer,
que esteve ao serviço de Afonso X e Sancho IV de Castela.
Editado por Carolina Michaellis de
Vasconcellos, in Zeitschrift fur Romanische Philologie, v. 4, 1901; J. J. Nunes, in Crestomatia
Arcaica, p. 400; M. Rodrigues Lapa, in Cantigas d' Escarnho e de
Mal Dizer dos Cancioneiros Galego-Portugueses, edição crítica, Coimbra, 1965, e Fernando V. Peixoto Fonseca,
in Cantigas de Escárnio e Maldizer dos Trovadores Galego-Portugueses,
Lisboa, 1971. O tema da Casa de
El-Rei ocorre igualmente em João Airas (CBN 890) e João Airas de
Santiago (CV 634).
Matéria
da Bretanha
João de Barros, (1496-1570), Chronica do Emperador Clarimundo, donde
os Reys de Portugal descendem, tirada da linguagem ungara em a nossa
portugueza, dirigida ao esclarecido principe D. João, filho do mui poderoso rey
D. Manuel, Coimbra, João
Barreira, 1520, Reedições:
Coimbra, 1553; Lisboa, 1522, 1601, 1742, 1791, 1843, 1953. No liv. III,
cap. IV: Como partidos os moradores de Sintra, quisera Clarimundo ir ao
castelo de Torres Vedras, mas foi desviado por Fanimor. E das grandes profecias
que profetizou acerca das coisas de Portugal (Lisboa, 1953, p. 97). Cf. António
José Saraiva, Uma concepção planetária da História em João de Barros,
in Para a História da Cultura em Portugal, v. 2, Lisboa, 1961, e Maria
Helena Duarte Santos, O mito do herói na Crónica do imperador Clarimundo
de João de Barros, Coimbra, 1987, tese de mestrado de Literatura
Portuguesa apresentada à FLUC;
Francisco
de Portugal. Primeira parte da
Choronica do Emperador Beliandro, em que se dá conta das obras maravilhosas dos
velerozos acontecimentos que no seu tempo obrou o Príncipe Bellifloro seu Filho
e D. Bellindo Príncipe de Portugal e de outros muitos cavalleyros. Segunda
parte da Chronica do Emperador Beliandro em que se contão os valerozos
acontecimentos dos Príncipes Bellifloro, e D. Bellindo e de outros muitos
cavalleyros. Continuação
directa do Palmeirim, dividida em duas partes. A suposta atribuição desta
novela a D. Leonor Coutinho funda-se em Barbosa Machado, António Caetano
Sousa e Vasco Luís Gama (Carta, 12 Set. 1649), sendo, no entanto, infirmada
por passagem do Hospital das Letras de Francisco Manuel Melo, o qual a
atribui a Francisco de Portugal, 3º conde de Vimioso. Inocêncio,
informado da existência em Setúbal, na posse de um particular, de um manuscrito
in folio, intitulado Chronica do Imperador Beliandro, em que se dá
conta das obras maravilhosas e das gloriosas façanhas que no seu tempo obrou o
príncipe Bélifloro seu filho, e de Belindo, príncipe de Portugal, e outros
muitos cavalleiros, ficou convicto de que se tratava da obra em apreço,
questão que, todavia, nunca logrou esclarecer cabalmente. Na década de 1960, a Biblioteca da Universidade
de Utreque adquiriu dois manuscritos reproduzindo a primeira e a segunda
parte do que se crê constituir a continuação do ciclo. Os códices intitulados História
de Grécia, na qual se dá conta dos valerosos feitos do Príncipe
Belifloro e de D. Belindo Princípe de Portugal e de outros que concorrerão
naquelles tempos, possuem 48 e 25 capítulos, respectivamente. A BN conta no
seu acervo apenas o texto correspondente à segunda parte da obra [cod. 6037];
Diogo Fernandes, Terceira parte da Chronica de Palmeirim de Inglaterra, na qual se
tratam as grandes cauallarias de seu filho o Principe Dom Duardos segundo, e
dos mais Principes, e caualleiros que na Ilha deleytosa se criaraõ. Lisboa, Marcos Borges, 1587. Continuação do Palmeirim de
Inglaterra. Segunda edição por Jorge Rodrigues, Lisboa, 1604. Com numeração separada (2-179-83
fls.), inclui a Quarta parte da Chronica de Palmeirim de Inglaterra, onde
se contam os feitos do valeroso principe, o segundo Dom Duardos seu filho; e
dos famosos principes Vasperaldo, Primaleão e Laudimante, e de outros grandes
caualleiros de seu tempo. Declara no Prólogo ter decidido publicar a
continuação do livro de Francisco Morais, alimpando o texto por ele composto, circunstância que tem provocado
a suspeita de esta terceira parte haver circulado manuscrita. A ficção
cavaleiresca não é colocada no mesmo plano da história, porquanto a tarefa do
narrador não é acreditar fábulas que
todos têm por essas. Os seus modelos deixaram de ser o Amadis e seus continuadores para passarem a ser Ariosto e Tasso».
In Manuel J. Gandra, Os
Templários e o Templarismo na Literatura Portuguesa e traduzida para português
(século XIV - 2006), pdf.
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