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e cortesia de wikipedia
«Chegou a hora da derradeira e decisiva
confrontação neste último volume da trilogia O Juiz do Egipto. Paser,
investido no cargo de vizir, e sua esposa Néféret, nomeada médica-chefe do
reino, enfrentam o ministro das Finanças, director da Dupla Casa branca, que já
não hesita em apresentar-se como o porta-voz dos conspiradores que detêm o
testamento dos deuses e se aprontam para derrubar Ramsés o Grande a fim de
conquistar o poder supremo. O alto funcionário, que se fazia passar por amigo
de Paser, tecera entretanto uma teia tão forte que a situação parece desesperada,
desorganizando a economia e orientando-a pela simples lei do lucro, mostra-se
decidido a destruir, com os cúmplices, os valores que presidiram ao nascimento
da civilização egípcia. O vizir e a esposa, determinados a lutar até ao fim,
tentam resistir à tenaz que pouco a pouco se aperta e identificar o assassino
do seu mestre espiritual que teve a má sorte de cruzar com a rota dos
conspiradores. Mas os aliados são raros... E onde se encontra o irmão de
sangue, Suti, que conseguiu fugir da prisão núbia? Acabará o misterioso devorador
de sombras por suprimir
Paser? Quem é a verdadeira alma da conjura, que se mantém escondida nas trevas?
Com a traição e o crime de um lado, e a lei do vizir do outro, quem sairá
finalmente vencedor deste combate de que depende a sobrevivência do Egipto?
Rejubila, ó
terra inteira!
Foi restaurada
a justiça.
E vós, justos,
vinde e contemplai,
A justiça
triunfou sobre o mal,
Os perversos
foram derrubados,
Os ávidos
foram condenados.
In Papyrus
Sallier (Museu Britânico 1018)
A traição trazia-lhe grandes benefícios.
Bochechudo, vermelhusco, balofo, Larrot bebeu a sua terceira taça de vinho
branco, congratulando-se pela sua escolha. Quando era escrivão do juiz Paser,
tornado vizir de Ramsés, o Grande, trabalhava muito e ganhava pouco. Desde que
entrara ao serviço de Bel-Tran, o pior inimigo do vizir, a sua existência
prosperava. Em troca de cada informação sobre os hábitos de Paser, recebia uma
retribuição. Com o apoio de Bel-Tran e o falso testemunho de um dos seus
esbirros, Larrot esperava obter, a qualquer preço, o divórcio de sua mulher e a
custódia de sua filha, futura bailarina. Molestado por uma enxaqueca, o
ex-escrivão levantara-se antes da alvorada, quando a noite reinava ainda sobre
Mênfis, a capital económica do Egipto, situada na junção do Delta e do vale do
Nilo. Da ruela, habitualmente tranquila, chegou-lhe o som de murmúrios. Larrot
pousou a taça. Desde que traía Paser, bebia cada vez mais, não por remorso, mas
porque podia, enfim, comprar vinhos de boas colheitas e cerveja de primeira
qualidade. Uma sede inextinguível queimava-lhe a garganta sem cessar.
Afastou o portal da janela de madeira e
relanceou o olhar pelo exterior. Ninguém. Com um resmungo, pensou no magnífico
dia que se anunciava. Graças a Bel-Tran, ia deixar aquele subúrbio para residir
num bairro melhor, próximo do centro da cidade. A partir dessa tarde,
instalar-se-ia numa casa de cinco divisões, com um pequeno jardim, no dia
seguinte, seria titular de um posto de inspector do fisco, dependente do
ministério dirigido por Bel-Tran. Apenas uma contrariedade se apresentava:
apesar da qualidade das informações fornecidas a Bel-Tran, Paser não fora ainda
eliminado, como se os deuses o protegessem. A sorte acabaria por mudar. Lá fora
ouvia-se o som de risos. Perturbado, Larrot colou o ouvido à porta que dava
para a ruela. Subitamente, percebeu: tratava-se novamente daquele bando de
crianças que se divertia a sujar a fachada das casas com uma pedra ocre! Furioso,
abriu a porta sem pensar. Na sua frente, a boca aberta de uma hiena. Uma fêmea enorme, com a baba escorrendo dos beiços
e os olhos vermelhos. O animal soltou um grito, semelhante a uma gargalhada do
outro mundo, e saltou-lhe à garganta». In Christian
Jacq, O Juiz do Egipto, A Justiça do Vizir, Bertrand Editora, 1995, ISBN
978-872-250-890-2.
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