domingo, 6 de setembro de 2015

Comunicação. 2009. Geraldo L. Lino. «… na pesquisa e na modelagem climáticas, devemos reconhecer que estamos lidando com um sistema acoplado caótico e não-linear e, por conseguinte, que a previsão de futuros estados climáticos a longo prazo não é possível»

Cortesia de wikipedia

Modelos matemáticos não constituem evidências
«(…) Na ausência de evidências sólidas, os adeptos da tese antropogénica das mudanças climáticas recorrem às projecções dos modelos matemáticos utilizados para simular a dinâmica climática. Nos relatórios do IPCC, tais projecções são apresentadas com grande apuro gráfico e visual, para causar o maior impacto possível nos leigos e, principalmente, nos tomadores de decisões. O facto de que esses modelos são rodados em supercomputadores de grande capacidade também contribui para atribuir-lhes uma indevida aura de precisão científica. A questão é que os chamados Modelos de Circulação Geral (MCG) não representam o mundo real e estão muito longe de simular adequadamente a dinâmica climática, pelo simples motivo de que o clima é um sistema extremamente complexo, caótico e não-linear, incapaz de ser reduzido com precisão a sistemas de equações. De forma simplificada, um MCG típico divide a atmosfera em caixas de centenas ou alguns milhares de quilómetros de comprimento, algumas centenas de quilómetros de largura e algumas dezenas de quilómetros de altura, e tenta quantificar e simular a evolução dos flluxos de energia e os seus reflexos nos parâmetros climáticos, dentro das caixas e entre elas. Como cada caixa abarca vários graus de latitude e longitude e uma multiplicidade de ambientes físicos e biológicos (tipo de superfície, relevo, cobertura vegetal etc.), pode-se imaginar a complexidade do processo, que não pode proporcionar senão uma aproximação grosseira do mundo real. Não por acaso, as discrepâncias entre os modelos e as observações costumam ser consideráveis, mesmo quando eles são rodados para trás, para tentar explicar o comportamento passado do clima.
Nenhum deles, por exemplo, antecipou que o ciclo de aquecimento iniciado por volta de 1975 se encerraria em 1998 e que, desde então, as temperaturas se estabilizariam e começariam a diminuir, como vem ocorrendo. Como o nível de entendimento de numerosos factores intervenientes na dinâmica climática é reduzido, nos modelos, muitos desses factores têm que ser parametrizados de forma subjectiva pelos modelistas, ou, em português claro, chutados. Em sistemas complexos como o clima, extremamente sensíveis a quaisquer variações mínimas dos seus factores causais, essa parametrização é uma fonte de introdução e amplificação de incertezas, que se reflectem, por exemplo, nas amplas faixas de variação dos cenários alarmistas do IPCC (um exemplo é o papel das nuvens, que varia praticamente em cada modelo). Diga-se de passagem que a faixa de incertezas quanto às temperaturas para o final do século aumentou nos dois últimos relatórios do IPCC: de 1,5-5,8ºC, em 2001, passou para 1,1-6,4ºC, em 2007.
Em seu relatório de 2001, o próprio IPCC reconhece as imperfeições dos modelos: na pesquisa e na modelagem climáticas, devemos reconhecer que estamos lidando com um sistema acoplado caótico e não-linear e, por conseguinte, que a previsão de futuros estados climáticos a longo prazo não é possível. Em suma, os modelos climáticos constituem ferramentas úteis para trabalhos académicos, mas de modo algum devem ser usados para orientar a formulação de políticas de alcance global.

O ambientalismo como ideologia e instrumento político
Para se entender plenamente a origem do aquecimentismo, é preciso rever as origens do movimento ambientalista internacional. Ao contrário do que pensa a maioria, o ambientalismo não é um fenómeno sociológico espontâneo com fundamentos científicos e racionais, mas uma ideologia criada e fomentada como uma iniciativa política de elites hegemónicas do Hemisfério Norte (principalmente o eixo anglo-americano), a partir das décadas de 1950-60. O processo foi assim descrito pelo sociólogo Donald Gibson, da Universidade de Pittsburgh: no final da década de 1950 e início da de 1960, uma antiga inclinação existente entre alguns membros da classe superior estava prestes a se tornar um assunto nacional; esta inclinação iria redefinir as conquistas da ciência e da tecnologia como acções malignas que ameaçavam a natureza ou como fúteis tentativas de reduzir o sofrimento humano que, diziam, era o resultado da superpopulação; essa tendência, em parte articulada como uma visão de mundo nos escritos de Thomas Malthus, toma o que podem ser preocupações razoáveis sobre temas como a qualidade do ar e da água e as reveste de uma ideologia profundamente hostil ao progresso económico e à maioria dos seres humanos...; o impulso geral era claro, os EUA e o mundo deveriam se mover para acabar com o crescimento populacional e a protecção do meio ambiente deveria receber uma importância igual ou maior do que a melhoria dos níveis de vida...; o crescimento económico e a tecnologia eram vistos como problemas». In Geraldo Luís Lino, Comunicação, 2009, Alguns factos básicos sobre mudanças climáticas, autor do livro A fraude do aquecimento global: como um fenómeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial, Capaz Dei, 2009, Oikos, Volume 9, Rio de Janeiro, 2010, ISSN 1808-0235.

Cortesia de Oikos/JDACT