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O Assalto
«(…) O bibliotecário assistente foi-se
imediatamente embora e Manchin ficou por ali durante todo o dia, a analisar os
materiais retirados das gavetas de aço e a ler críticas antigas que não lhe interessavam
absolutamente nada. Saiu dali por várias vezes, para investigar, observar, medir
e memorizar.
Manchin regressou três semanas depois
e, desta feita, já não fingiu ser professor. Tinha a barba feita, o cabelo pintado
de um louro arruivado, usava óculos com armações vermelhas e ostentava um cartão
de estudante falsificado, com uma fotografia. Se alguém perguntasse, coisa que seguramente
não esperava, diria que era estudante universitário do Iowa. Na vida real, chamava-se
Mark e a sua ocupação, se é que se pode chamar assim, era ladrão profissional. Assaltos
milionários de craveira mundial e planeados com todo o cuidado, especializados em
arte e artefactos raros que podiam ser revendidos às vítimas desesperadas a troco
de um resgate. A sua quadrilha era composta por cinco pessoas e chefiada por Denny,
um antigo Ranger do Exército que se tinha dedicado ao crime depois de ter sido expulso
da vida militar. Até agora, Denny não tinha sido apanhado, e não tinha cadastro;
o mesmo acontecia com Mark. No entanto, dois dos outros tinham.
Trey contava com duas condenações
e outras tantas fugas, a última delas de uma prisão federal no Ohio, no ano anterior.
Tinha sido aí que conhecera Jerry, um insignificante ladrão de arte, agora em liberdade
condicional. Fora outro ladrão de arte, um antigo companheiro de cela a cumprir
uma longa pena, que falara pela primeira vez a Jerry dos manuscritos de Fitzgerald.
O cenário era perfeito. Só havia cinco manuscritos e estavam todos no mesmo lugar.
E, para a Universidade de Princeton, tinham um valor incalculável.
O quinto elemento da quadrilha preferia
trabalhar em casa. Ahmed era o pirata informático, o criador de todas as ilusões,
mas não tinha coragem para usar armas e essas coisas. Trabalhava a partir da sua
cave, em Buffalo, e nunca tinha sido apanhado ou preso. Não deixava rasto. Os seus
cinco por cento iriam sair do bolo total. O restante seria dividido em partes iguais
pelos outros quatro». In John Grisham, O Manuscrito, 2017,
Bertrand Editores, 2018, ISBN 978-972-253-544-1.
Cortesia de BertrandE/JDACT