(Continuação)
«No
entretanto, as saudades da pátria amarguravam-lhe o coração, e resolveu voltar
a Portugal, acompanhado por um escravo chamado António, natural de Java,
que muito se lhe afeiçoara, e que sempre o acompanhou no resto da vida. Pedro Barreto partiu de Goa para Moçambique, de cuja
capitania ia tomar posse, e ofereceu a Camões
levá-lo consigo, porque seria mais fácil encontrar ali embarcação que
levantasse ferro para Portugal. Camões
aceitou, mas em Moçambique, por causa duma questão que tivera com Pedro
Barreto, ficou reduzido a grande miséria, de que seria vítima, se não arribasse
em 1569 a nau Santa
Fé, que trazia para Portugal o vice-rei Antão de Noronha,
onde alguns amigos do poeta o auxiliaram, dando-lhe roupa.
A nau Santa Fé chegou a Cascais a 7
de Abril de 1570. Camões veio achar Lisboa, depois de dezasseis anos de ausência,
devastada pela terrível Peste grande,
nome porque ficou sendo conhecida na história. Encontrou sua mãe muito velha e
muito pobre, e neste desalento, para maior desgraça, roubaram-lhe ainda o seu
livro de versos, e foi furto notório,
como escreve Diogo do Couto. Nunca se descobriu o roubador, e Camões não chegou a ver impressa a sua poesia lírica. O seu grande poema,
é que conseguiu, depois das maiores dificuldades, um alvará em 23 de Setembro
de 1571, para o imprimir, mas só se
publicou em princípio de Julho de 1572,
sendo-lhe dada em 28 desse mês a tença de 15.000 réis pela sua habilidade e suficiência durante
três anos, sendo renovada a 2 de Agosto de 1575.
Camões continuava a ser guerreado,
porque o rei Sebastião, projectando a sua viagem a África em 1578, escolheu para cantor da sua
futura vitória o poeta Diogo Bernardes. O resto da vida de Camões foi uma completa amargura, e os
seus sofrimentos ainda mais se lhe agravaram, quando se recebeu em Lisboa a
notícia do desastre de Alcácer Quibir. Na sua grande miséria, o jau, que o acompanhara do Oriente a
Lisboa, prestou-lhe o mais dedicado e afectuoso auxílio, chegando a pedir
esmola, às ocultas do poeta, para lhe acudir ás instantes necessidades da vida.
Assim
faleceu o grande poeta, numa pobre
casa da calçada de Santana, ao abandono,
tendo por companhia unicamente sua mãe, e o fiel escravo, o jau António. Em alvará de 31 de Maio de 1582, o rei Filipe II, já então de posse de Portugal, mandou
transferir para D. Ana de Sá a tença de 15.000 réis, por ser muito velha
e muito pobre.
As
edições dos Lusíadas são numerosas;
o imortal poema está traduzido em todas as línguas. Camões escreveu três comédias:
- El-rei Seleuco,
- O Amphitrião,
- O Filodemo.
Que
se representaram em
Lisboa. Além dos Lusíadas,
compôs formosos versos elegíacos, bucólicos, satíricos, e uma colecção de sonetos muito apreciáveis; Rimas, publicadas em Lisboa em 1595, tendo depois muitas edições.
Têm-se
escrito muito acerca do grande poeta; mencionaremos:
- O Plutarcho portuquez;
- Camões, poema do visconde de Almeida Garrett;
- Camões, drama do visconde de Castilho, representado no Brasil, e impresso em 1849;
- Camões, drama de Cipriano Jardim, representado no teatro de D. Maria, por ocasião das festas do centenário, em 1880;
- Historia de Camões, por Teófilo Braga;
- Diccionario bibliographico, tomos 5, 14 e 15;
- Luiz de Camões, romance histórico por António de Campos Júnior, etc.
Em 1867 inaugurou-se em Lisboa a estátua
de Camões, na praça que tomou o nome do grande poeta. Em Coimbra também se
erigiu um monumento em 1881. Em 10
de Junho de 1880 festejou-se
solenemente o terceiro centenário da morte do grande poeta, havendo um pomposo
cortejo cívico e brilhantes iluminações. Em Coimbra também se comemorou o
terceiro centenário com solenes festejos». In Enciclopédia, Wikipédia.
Cortesia
de Enciclopédia/JDACT