A Mulher que Passa
meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
tem sete cores nos seus cabelos
sete esperanças na boca fresca!
Oh! Como és linda, mulher que passas
que me sacias e suplicias
dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos são poesia
teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
longe das vozes da ventania.
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Como te adoro, mulher que passas
que vens e passas, que me sacias
dentro das noites, dentro dos dias!
Porque me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
que te perdia se me encontravas
e me encontrava se te perdias?
Por que não voltas, mulher que passa?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
para o que sofro não ser desgraça?
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
a minha amada mulher que passa!
No santo nome do teu martírio
do teu martírio que nunca cessa
meu Deus, eu quero, quero depressa
a minha amada mulher que passa!
Que fica e passa, que pacifica
que é tanto pura como devassa
que bóia leve como a cortiça
e tem raízes como a fumaça.
Poema de Vinicius de Moraes, in ‘Antologia Poética’
Seu dorso frio é um campo de lírios
tem sete cores nos seus cabelos
sete esperanças na boca fresca!
Oh! Como és linda, mulher que passas
que me sacias e suplicias
dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos são poesia
teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
longe das vozes da ventania.
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Como te adoro, mulher que passas
que vens e passas, que me sacias
dentro das noites, dentro dos dias!
Porque me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
que te perdia se me encontravas
e me encontrava se te perdias?
Por que não voltas, mulher que passa?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
para o que sofro não ser desgraça?
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
a minha amada mulher que passa!
No santo nome do teu martírio
do teu martírio que nunca cessa
meu Deus, eu quero, quero depressa
a minha amada mulher que passa!
Que fica e passa, que pacifica
que é tanto pura como devassa
que bóia leve como a cortiça
e tem raízes como a fumaça.
Poema de Vinicius de Moraes, in ‘Antologia Poética’
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