Vejamos a Breve Descrição que
o IGESPAR faz de Mazagão
«A cidade portuguesa
de Mazagão, actual El Jadida, localiza-se em Marrocos, na costa ocidental
africana, a sul de Casablanca. Foi fundada pelos portugueses nos inícios do
século XVI como entreposto comercial e militar na rota marítima para a Índia. A
cidade manteve-se na posse da coroa até 1769, data em que foi conquistada em
definitivo pelos marroquinos. Após a retirada portuguesa, a cidade esteve
cinquenta anos abandonada o que lhe valeu a designação de al-Mahdouma (a
arruinada). Já no século XIX , o sultão Moulay Abderrahmane reabilitou a cidade
que passou a chamar-se El Jadida (a Nova). Mazagão, inserida no perímetro
urbano de El Jadida, apresenta ainda hoje diversos testemunhos da presença
portuguesa: o primitivo castelo, a fortaleza, a cisterna e as igrejas de Nossa
Senhora da Assunção, da Piedade e de Nossa Senhora da Luz. Em 2004 a cidade de Mazagão foi
classificada pela Unesco como Património Mundial, constituindo um
importante exemplo do intercâmbio das culturas europeia e marroquina. As
primeiras obras portuguesas em Mazagão foram realizadas por ordem do rei Manuel
I, que aí mandou erguer um castelo em 1514,
traçado pelos irmãos Diogo e Francisco de Arruda. Considerando-se pouco eficaz
o sistema defensivo manuelino, João III encomendou ao engenheiro italiano
Benedetto de Ravena o projecto de construção de uma cidade fortificada. A
construção da obra ficou a cargo de João de Castilho e João Ribeiro. Esta
fortaleza, fundada em 1541,
constitui o primeiro exemplo de arquitectura militar europeia erguida fora da
Europa, tendo influenciado as praças portuguesas posteriormente construídas no
Norte de África. A fortaleza de Mazagão
apresenta a forma de um quadrilátero irregular, rematado por quatro frentes
abaluartadas. Duas das faces estão viradas à costa e duas ao eixo terrestre,
facto que traduz o carácter iminentemente militar e defensivo da construção. Atestando
a sua robustez, o fosso da fortaleza permitia a entrada de embarcações através
do sistema de comportas. No interior da praça localizavam-se vários
equipamentos de assistência como o hospital, a vedoria, os celeiros, o palácio
do governador, os armazéns, a cisterna, o chafariz, igrejas e ermidas. A Igreja
Matriz de Nossa Senhora da Assunção, antiga padroeira da vila, guarda ainda
hoje lápides funerárias portuguesas. São também visíveis alguns vestígios do
antigo Palácio dos Governadores no edifício da actual mesquita. A cisterna,
localizada no pátio interior da primitiva fortaleza manuelina, foi construída
por João de Castilho, tendo sido concluída em 1547 por Lourenço Franco». In IGESPAR
Continuando:
«A fonte que vimos citando diz-nos que não ficaram por aqui estes Carvalhos Vimaranenses. Um
sobrinho de João Fernandes Carvalho, filho dum irmão que se chamou António
de Freitas Padrão, que teve o nome de Manuel de Freitas Padrão,
nasceu em Guimarães, mas logo se
mudou para Mazagão, onde prestou serviço, desde 1 de Novembro de 1772, até 31 de Outubro de 1728, como militar e em diversos
postos. Rezam as crónicas que travou, sempre com grande êxito, vários combates
com os mouros. Até que viria a morrer
numa pelourada na batalha que os Portugueses travaram com mais de 3 mil
mouros, em 13 de Janeiro de 1742. O
combate durou quatro horas, tendo morrido 120 mouros e 3 portugueses, entre os
quais Manuel de Freitas Padrão. Pela sua carreira brilhante teve várias
recompensas durante a vida e depois da morte, através de família. Casara em
Mazagão com D. Francisca Valente da Costa de quem teve um filho, João Fernandes
Carvalho, que morreu solteiro e duas filhas, ambas casadas em Mazagão.
Um outro Vimaranense, sobrinho do vedor Fernandes Carvalho, se
notabilizou nessa Praça marroquina: Lucas de Freitas Carvalho, filho de
Sebastião Carvalho. Assentou praça em 1 de Novembro de 1712, servindo o exército português até 18 de Maio de 1726, como cavaleiro espingardeiro. Mas
não acabou, por aqui, a sua carreira militar, pois serviu em vários postos da hierarquia,
até 8 de Janeiro de 1758 data em que faleceu. Casara em Mazagão com D. Inês Soares, havendo quatro filhas e quatro filhos
do enlace matrimonial. Todos os varões seguiram a carreira das armas. E um deles,
de nome Sebastião Carvalho, chegou ao posto de alferes. Os últimos anos de vida
passou-os no Brasil, dedicando-se à lavoura.
Mas não foi só a família dos Carvalhos, de origem
Vimaranense, que marcou presença em Mazagão.
Também a família dos Velacos Bélicos deixou rasto, pelos tempos fora. O
primeiro suporte foi João Lourenço Bélico, nascido em Guimarães. Era filho de
António Lourenço e partiu para Mazagão,
onde serviu como militar, entre Janeiro de 1672
e 8 de Março de 1692, data em que
morreu, após uma queda, quando perseguia os mouros. Aí casou com D. Joana de Veloso.
Nasceram, deste casamento, quatro filhos e uma filha. António Lourenço Velasco,
Francisco Gonçalves Velasco, Manuel Lourenço Velasco e João Lourenço Bélico,
filhos do casal, serviram as armas e todos moraram na Casa-Real. Sabe-se que os
três primeiros casaram aí mesmo e todos tiveram muitos filhos, alguns dos
quais, após o abandono da Fortaleza,
se fixaram em Lisboa, onde, diz a nossa fonte, ainda perdura o apelido de Velasco
Bélico». In Barroso da Fonte, Guimarães e as Duas Caras, Editora Correio do
Minho, 1994, ISBN 972-95513-8-3.
Cortesia de Guimarães/JDACT