terça-feira, 14 de maio de 2013

A Articulação das Estratégias de Emprego e Inclusão Social. Bridges For Inclusion. «Limitar o “Bem-Estar e acelerar as rupturas de laços primários” fazendo emergir, o que alguns apelidarão, ‘alguns anos mais tarde’, a “nova pobreza” ou, conforme outros preferem designá-la, ‘a exclusão social’»

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«(…) Até 1974 não aconteceram glandes alterações. Sob a influência de um crescimento económico que ficou conhecido como os trinta anos gloriosos, com um aumento moderado da população e da sua esperança de vida, com uma diminuição do tempo de vida activa, de trabalho, com o crescimento da escolaridade obrigatória, com a entrada progressiva das mulheres no mercado de trabalho remunerado, mas, e sobretudo, com um desenvolvimento da protecção social e de um mercado de trabalho com muito baixas taxas de desemprego, apenas elevadas em determinadas regiões específicas como o mezzogiomo italiano, e uma pobreza relativamente marginal da qual se ocupava a beneficência pública e privadas ao nível nacional e local, não haviam razões de peso para pôr em marcha uma forte intervenção supra-estatal.
De 1961 a 1972, o Fundo Social cobria as necessidades provenientes maioritariamente do governo italiano para a reintegração dos seus emigrantes e da Alemanha para a reconversão profissional das vítimas de acidentes de trabalho. Na Conferência de Haia de 1969 e na de Paris em 1972 começou a reconhecer-se que a harmonização dos mercados de trabalho e das políticas de emprego nacionais não eram automáticas e que o funcionamento do Fundo Social tinha bastantes inconvenientes e incongruências. Em primeiro lugar porque a sua capacidade de intervenção dependia da importância dos dispositivos e meios financeiros dos Estados-Membros e favorecia mais uns do que outros, já que nem todas as necessidades dos Estados eram tidas em consideração. Em segundo lugar, porque não existia uma estratégia geral e, ao funcionar como um mecanismo de compensação e na base de operações elegíveis, não se produzia uma coerente alimentação do orçamento comunitário e uma concentração das ajudas. E, em terceiro lugar, porque o seu carácter retroactivo [onde ouvi ultimamente esta palavra?…] não lhe permitia enfrentar e antecipar o desemprego provocado pelas reconversões industriais e as rápidas mudanças tecnológicas.
Por estas razões, a reforma do Fundo em 1971 procurou modificar o seu funcionamento e objectivos. O Fundo passou então a apoiar a formação profissional, o acesso a postos de trabalho, a promoção do emprego e a facilitar a deslocação dos trabalhadores. À livre circulação dos trabalhadores tinham já sido dedicadas várias Directivas e Regulamentos durante os anos sessenta. Mas, e o mais importante, é que o Conselho fica autorizado a aumentar a intervenção deste Fundo. É o que se decide levar a cabo até 1983, ano em que tem lugar uma nova reforma, abrindo o Fundo ao sector agrícola, têxtil e à construção, bem como a grupos específicos tais como os trabalhadores emigrantes, os deficientes, as mulheres, os desempregados e os jovens com menos de 25 anos e à procura do primeiro emprego.
Na base destas alterações, que também tinham impactos orçamentais, estava a necessidade de enfrentar as consequências do choque petrolífero dos inícios dos anos setenta, o qual sacudiu violentamente os fundamentos e credos do panorama sócio-económico europeu ao degradar o mercado de trabalho, limitar a expansão dos Estados de Bem-Estar e acelerar as rupturas de laços primários fazendo emergir, o que alguns apelidarão, alguns anos mais tarde, a nova pobreza ou, conforme outros preferem designá-la, a exclusão social». In Jordi Estivill, Bridges for Inclusion, A Articulação das Estratégias de Emprego e Inclusão Social, REAP-Portugal, Porto, 2008, ISBN 978-989-95487-9-4.

Cortesia de REAP/JDACT