segunda-feira, 31 de março de 2014

Poesia no 31. Brasil. «Porque me faltas, se te procuro? Por que me odeias quando te juro que te perdia se me encontravas e me encontrava se te perdias? E nosso amor, que brotou do tempo, não tem idade, pois só quem ama escutou o apelo da eternidade»

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Ternura
«Eu te peço perdão por te amar de repente
embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
das horas que passei à sombra dos teus gestos
bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
das noites que vivi acalentado
pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo.
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.

E posso te dizer que o grande afecto que te deixo
não trai o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
e só te pede que te repouses quieta, muito quieta
e deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o
olhar extático da aurora».
Poema de Vinicius de Moraes, in ‘Antologia Poética’

O Tempo Passa? Não Passa
«O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.

Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.

O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.

São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer toda a hora.

E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama
escutou o apelo da eternidade».
Poema de Carlos Drummond de Andrade, in ‘Amar se Aprende Amando’

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