jdact
Fado
para esta noite
«Volta
esta noite p’ra mim,
volta
esta noite p´ra mim.
Canto-te
um fado, no silêncio, se quiseres,
mando
recado ao luar, que se costuma deitar
ao
nosso lado, para não vir hoje, se tu vieres.
Anda
deitar-te, fiz a cama de lavado,
cheira
a alfazema, o meu lençol de linhado,
pus
almofadas com fitas de cor.
Colcha
de chita com barras de flor
e à
cabeceira, tenho um santo alumiado.
Volta
esta noite para mim,
volta
esta noite para mim.
Canto-te
um fado, no silêncio, se quiseres,
mando
recado ao luar, que se costuma deitar
ao
nosso lado, para não vir hoje, se tu vieres.
Pus o
meu xaile p’ra te servir de coberta
um
solitário ao pé da janela aberta
pus
duas rosas que estão a atirar
beijos
vermelhos, sem boca para os dar
sem
o teu corpo, minha noite está deserta.
Volta
esta noite p’ra mim.
Volta
esta noite p’ra mim.
Ser abraçada,
por teus braços atrevidos
quero
o teu cheiro sadio, neste meu quarto vazio,
de
madrugada, beijo os os teus adormecidos.
Mando
recado ao luar, que se costuma deitar,
ao
nosso lado p’ra não vir hoje, se tu vieres».
In César
de Oliveira, Rogério Bracinha
JDACT