sábado, 3 de dezembro de 2016

Poesia Nua. «Volta esta noite para mim, volta esta noite para mim. Canto-te um fado, no silêncio, se quiseres, mando recado ao luar, que se costuma deitar ao nosso lado, para não vir hoje, se tu vieres»

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Fado para esta noite

«Volta esta noite p’ra mim,

volta esta noite p´ra mim.

Canto-te um fado, no silêncio, se quiseres,

mando recado ao luar, que se costuma deitar

ao nosso lado, para não vir hoje, se tu vieres.


Anda deitar-te, fiz a cama de lavado,

cheira a alfazema, o meu lençol de linhado,

pus almofadas com fitas de cor.

Colcha de chita com barras de flor

e à cabeceira, tenho um santo alumiado.


Volta esta noite para mim,

volta esta noite para mim.

Canto-te um fado, no silêncio, se quiseres,

mando recado ao luar, que se costuma deitar

ao nosso lado, para não vir hoje, se tu vieres.


Pus o meu xaile p’ra te servir de coberta

um solitário ao pé da janela aberta

pus duas rosas que estão a atirar

beijos vermelhos, sem boca para os dar

sem o teu corpo, minha noite está deserta.


Volta esta noite p’ra mim.

Volta esta noite p’ra mim.

Ser abraçada, por teus braços atrevidos

quero o teu cheiro sadio, neste meu quarto vazio,

de madrugada, beijo os os teus adormecidos.


Mando recado ao luar, que se costuma deitar,

ao nosso lado p’ra não vir hoje, se tu vieres».

In César de Oliveira, Rogério Bracinha


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