Esboços
das inscrições feitos por Cornide em 8AGO1800
jdact
«Pensara
ir nessa mesma tarde para Castelo de Vide, que está uma légua e meia a SW de
Marvaom [Marvão], mas faltou-me o tempo e contentei-me com observar a sua
posição, que não me pareceu tão vantajosa como aquela em que eu me encontrava
porque, apesar de o castelo dominar a praça, também ele se encontra dominado
pela serra. Castelo de Vide tem um regimento com o seu nome e apenas um
destacamento de 20 ou 30 homens. Parti de Marvaom [Marvão] para Puerto Alegre [Portalegre],
atravessando a serra oriental por um caminho péssimo até uma légua antes da
cidade; passei pela deliciosa ribeira de Niza [Nisa], povoada de vinhas e de
árvores de fruto, e cheguei finalmente à povoação uma hora após o anoitecer. Aí
fui obsequiado pelo governador, o tenente--coronel Mateo de Pina, cavaleiro do
país, que me ofereceu várias curiosidades das ruínas de Arameña [Aramenha] de barro
e de vidro, que lhe pedi me enviasse para Lisboa, pois a pouca comodidade da
minha equipagem não me permitia levá-las comigo sem risco de as partir.
Até
aqui o relato de Cornide do dia 8 de Agosto, com saída de Portalegre e chegada
a Nisa. Quando já conhecíamos este documento, pudemos observar que os desenhos
estavam "elaborados", quer dizer, passados a limpo juntamente com o
diário, no repouso de Lisboa ou de qualquer outra localidade portuguesa em que
Cornide tivesse descansado nas jornadas seguintes ao dia 8 de Agosto de 1800.
Não
se tratava dos desenhos originais, posto que, se assim fosse, não apareceriam
já inseridos num cuidadoso diário. Tinha que haver algum rascunho prévio... E
havia! Isto é; “há”. Junto ao diário da passagem por S. Salvador de Aramenha
nessa data, conservam-se, por sorte, os esboços que Cornide realizou naquela
manhã de 8 de Agosto na Quinta do Deão de Portalegre.
Encontram-se
esses esboços noutro documento, que contém muitos apontamentos próprios e
alheios, onde figura um folio in 4º intitulado “Aramenha”, e os rascunhos, por
esta ordem, de CIL II 16I, 164, 163, 162 e 159, ou seja, na mesma ordem em que
seriam depois incorporados no diário.
Os
diários de Cornide de 1800 e do general Alexander Dickson em 1810 trazem novos
dados para a “História Literária” das inscrições de “Ammaia” descobertas na
Quinta do Deão, S. Salvador de Aramenha, concelho de Marvão, distrito de
Portalegre». In Juan Manuel Abascal, Universidad de Alicante, Rosario Cebrián, Parque
Arqueológico de Segóbriga, José d’Encarnação, Universidade de Coimbra, Marvão e
Ammaia ao tempo das Guerras Peninsulares, IBN MARUAN, 2009, Edições Colibri,
Câmara Municipal de Marvão, ISBN 978-972-772-876-3.
continua
Cortesia
de E. Colibri/CM de Marvão/JDACT