Hildeberto Botelho Medeiros, tenente e membro da 1a Comissão Executiva,
após o ‘28 de Maio’
Cortesia de antonioventura e jdact
«Santana Marques por seu lado, critica duramente os democráticos por tudo
aquilo que fizeram no poder e os nacionalistas, "seus vigários".
Defende o voto em "candidato cuja a vida seja modelo de honestidade, de
desinteresse, de elevação moral". Perante o momento tão grave na vida
nacional "o critério político" teria "de ser subjugado pela
necessidade urgente da salvação comum". Santana Marques está a
tentar explicar que a diferença entre um candidato monárquico e um candidato republicano
está apenas na "competência, insenção (e) aprume moral". Os bons candidatos
"são os representantes das forças conservadoras e económicas, quer sejam
de tendência monárquicas quer republicanas". Por esse motivo integrou-se
enquanto candidato do U.I.C. numa lista com um elemento monárquico nas eleições
legislativas de 1925.
Nas eleições administrativas para a Câmara Municipal de Portalegre que decorreram
no dia 22 de Novembro de 1925 concorreram duas listas. A lista denominada
"Da Cidade" era formada por conservadores de tendência republicana e
monárquica, sendo apoiada pel’O Distrito de Portalegre. Alista de "conjunção
republicana" era liderada por elementos do Partido Republicano Português
com a inclusão de republicanos independentes, tendo o apoio d’A Plebe.
A lista conservadora era liderada por José Augusto de Sequeira antigo senador.
Integrava também esta lista o futuro dirigente concelhio da União Nacional, João
do Monte Empina.
A lista de conjugação republicana era liderada pelo presidente da concelhia
do P.R.P, João Brito. Nesta lista participa também o professor António Galiano
Tavares que posteriormente será presidente da distrital de Portalegre na União
Nacional.
A lista conservadora foi derrotada por um resultado expressivo. Foram
eleitos todos os cidadãos da lista de conjunção republicana (15 elementos), já
que obtiveram a maioria. A lista conservadora obteve a minoria, e elegeu os
cinco cidadãos mais votados para o Senado Municipal. No dia 22 de Janeiro de
1926 na 1ª reunião do Senado Municipal após as eleições, os elementos da
conjunção republicana conseguiram eleger facilmente a Comissão Executiva da
Câmara Municipal formada totalmente pelos seus membros e presidida por Adelino Carmo
Brito.
Como podemos verificar, formaram-se grupos políticos com alguma heterogeneidade
tendo por objectivo retirar a hegemonia do Partido Democrático em Portalegre.
Nas eleições legislativas conseguiram parcialmente o seu objectivo, com o
auxílio dos lavradores dos meios rurais. Nas eleições administrativas, a lista
liderada pelos democráticos conseguiu vencer claramente numa região mais
urbana, e por isso, mais adversa ao sectores conservadores. O aparecimento
destas coligações "contra" o P.R.P., parecem ter sido bastante
generalizadas durante a "Nova República Velha". As poucas investigações
que têm sido realizadas apontam neste sentido.
A frequente formação destes grupos anti-partido democrático criou uma
tradição sem dúvida fundamental no aparecimento e consolidação do
"Movimento do 28 de Maio" a nível nacional e local.
Severino Santana Marques, deputado em 1925. Director de ‘O Distrito de
Portalegre’
Cortesia de antonioventura e jdact
O '28 de Maio' em Portalegre
As primeiras notícias divulgadas na imprensa local
sobre o movimento do "28 de Maio" surgiram no dia 30 de Maio de 1926,
embora as primeiras notícias tenham chegado a Portalegre ainda no dia 28 de
Maio. A ‘Plebe’ referiu que "os regimentos
foram postos de prevenção, a guarda republicana também e o governador civil foi
para o seu local de trabalho, à espera de notícias mais esclarecedoras». In
Manuel Baiôa, Elites Políticas Locais face ao '28 de Maio', O Caso de
Portalegre, Ibn Maruán, Revista
Cultural do Concelho de Marvão, Coordenação de Jorge Oliveira, nº 7, 1997.
continua
Cortesia da C. M. de Marvão/JDACT