Os
Tesouros do Vaticano
(…)
Os aumentos nos aluguéis teriam provocado grande polémica em Roma, pois a
Igreja teria ameaçado despejar os inquilinos que não pagassem. O prejuízo
também foi atribuído ao péssimo desempenho dos veículos de comunicação do
Vaticano, incluindo um jornal e uma estação de rádio, que haviam perdido
aproximadamente 15 milhões de euros no ano anterior. Em 2007, o Vaticano
reportou uma receita geral de 236,7 milhões de euros, enquanto as despesas
totalizaram 245,8 milhões de euros. Boa parte da receita do Vaticano vem de
doações de membros da Igreja em todo o mundo. Os católicos norte-americanos
contribuem com cerca de 80 milhões de dólares. Especialistas avaliaram que a
riqueza total do Vaticano em 2008 superava os 5 bilhões de euros. O tamanho exacto
da riqueza do Vaticano em bancos e acções é assunto controverso, e a Santa Sé
não revela. Mas dinheiro e investimentos não constituem toda a medida da
riqueza da Cidade do Vaticano. A Santa Sé possui a maior colecção de tesouros
artísticos do mundo. Em museus, locais de exibição pública, em câmaras
privadas, corredores de mármore, igrejas, capelas, e na basílica de São Pedro
podem ser encontradas pinturas, afrescos, desenhos, esculturas e vitrais
criados pelos maiores artistas da história ao longo de séculos desde antes de
Cristo até hoje.
A
primeira colecção de antiguidades do mundo foi criada pelos papas Júlio II,
Leão X, Clemente VII, Paulo III e Pio V. Entre elas estavam o Torso de
Hércules, o Apolo Belvedere e o Grupo de Laocoonte. Pio VI deu continuidade à actividade
de Clemente XIV com tamanho sucesso, que as suas colecções (…) foram reunidas num
grande museu (…) o Museu Pio-Clementino. Ele tem onze salas repletas de
antiguidades celebradas. A fundação dos Museus Vaticanos remonta a 1503, quando
o recém-eleito papa Júlio II della Rovere colocou uma estátua de Apolo no pátio
interno do Palácio Belvedere construído por Inocêncio VIII. (…) Dezenas de
artefactos foram acrescentados ao longo dos séculos, e as colecções acabaram
sendo reorganizadas sob Bento XIV (1740–1758) e Clemente XIII (1758–1769). Eles
fundaram os Museus da Biblioteca Apostólica: o Sagrado (Museo Sacro, 1756) e o
Profano (Museo Profano, 1767). O Museu Cristão, composto por artigos
encontrados em catacumbas que não poderiam ser mantidos in situ, foi
fundado por Pio IX em 1854 no Palácio Laterano e removido para os Museus do
Vaticano pelo papa João XXIII. O papa Pio XI inaugurou em 1932 (…) a Galeria de
Arte do Vaticano (a Pinacoteca).
Boa parte da colecção de tesouros
do Vaticano está aberta ao público nos seus inúmeros museus e dentro do
Vaticano na forma de arte e esculturas. O mais famoso e popular é composto pelo
tecto da Capela Sistina, pintado por Michelangelo, e a escultura Pietà, mostrando
a Virgem Maria segurando o corpo crucificado, na Capela da Pietà, no interior
da basílica de São Pedro. Descrita pelo Vaticano como talvez a escultura mais
famosa do mundo com tema religioso, foi esculpida quando Michelangelo tinha
vinte e quatro anos de idade e é a única que ele assinou. Com essa magnífica
estátua, Michelangelo deu-nos uma visão cristã e altamente espiritualizada do
sofrimento humano, observou uma publicação do Vaticano. Artistas anteriores e
posteriores a Michelangelo sempre retrataram a Virgem com o Cristo morto nos braços
como enlutada, quase à beira do desespero. Michelangelo, por outro lado, criou
uma aura altamente tranquila. Enquanto segura no colo o corpo sem vida de
Jesus, o rosto da Virgem emana doçura, serenidade e uma aceitação majestosa
dessa imensa dor, combinada com a sua fé no Redentor. É quase como se Jesus
estivesse prestes a acordar de um sono brando, como se depois de todo
sofrimento e espinhos, a rosa da ressurreição estivesse prestes a desabrochar.
Depois
do Túmulo de São Pedro, a Capela da Pietà é o local mais visitado e silencioso de
toda a basílica. A escultura é protegida por um vidro à prova de bala para
evitar a repetição de um ataque perpetrado por um homem transtornado. Em 1972,
o geólogo de trinta e três anos Laszlo Toth, húngaro de nascimento e de
nacionalidade australiana, atacou a estátua com um martelo aos gritos de Eu
sou Jesus Cristo ressuscitado! O braço esquerdo da Virgem ficou danificado,
assim como o nariz, o olho esquerdo e o véu. O ataque foi o primeiro grande
dano sofrido por uma obra de arte na basílica de São Pedro desde que um alemão quebrou
dois dedos da estátua do papa Pio VI ajoelhado, em 1970. Os Museus do Vaticano
estão repletos de obras de Giotto, Caravaggio, Michelangelo, Leonardo da Vinci
e Rafael, entre muitos outros. As bibliotecas do Vaticano guardam antigos manuscritos
da Bíblia e de outras obras, em alguns casos o único exemplar de determinada obra».
In
Paul Jeffers, Mistérios Sombrios do Vaticano, 2012, tradução de Elvira
Serapicos, Editora Jardim dos Livros, 2013, ISBN 978-856-342-018(7)-3(6).
Cortesia de EJLivros/JDACT