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Erótica
e Satírica
«(…) Senhores juízes sou um poeta
Um
multipétalo uivo um defeito
E ando
com uma camisa de vento
Ao
contrário do esqueleto.
Sou
um vestíbulo do impossível um lápis
De
armazenado espanto e por fim
Com
a paciência dos versos
Espero
viver dentro de mim.
Sou
em código o azul de todos
(curtido
couro de cicatrizes)
Uma
avaria cantante
Na
maquineta dos felizes.
Senhores
banqueiros sois a cidade
O vosso
enfarte serei
Não
há cidade sem o parque
Do
sono que vos roubei.
Senhores
professores que pusestes
A prémio
minha rara edição
De
raptar-me em crianças que salvo
Do
incêndio da vossa lição.
Senhores
tiranos que do baralho
De
em pó volverdes sois os reis
Sou
um poeta jogo-me aos dados
Ganho
as paisagens que não vereis.
[…]
In
Natália Correia, Antologia de Poesia Portuguesa, Erótica
e Satírica, Dos Cancioneiros Medievais à Actualidade, 1965, 1966, 1999,
Herdeiros de Natália Correia, Cruzeiro Seixas, Ponto de Fuga, 2019, ISBN
978-989-888-115-1.
Cortesia
de PontodeFuga/JDACT