terça-feira, 2 de julho de 2019

Nos Séculos XVII e XVIII. A cidade de Viseu. Liliana Castilho. «Decidiu-se em corpo de Câmara, que das sete portas existentes permanecessem abertas apenas quatro, a saber a do Arco, a de Santa Cristina…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Arquitectura e Urbanismo
«(…) Igualmente no século XVII, perante um novo surto de peste, o carácter defensivo da muralha, não no sentido militar mas sanitário, foi activado. Perante a epidemia que atingiu o reino em 1637 a duquesa Margarida de Áustria, Governadora de Portugal, ordenou, em nome de sua Majestade pera se gardar nesta cidade e termo e comarqua do mal da peste (pauta que mandaram fazer o juiz vereadores e procurador sobre o guardar da peste; ano do nascimento de nosso senhor Jesus Christo de mil e seissentos e trinta e sete anos aos quatro dias do mês de Julho do dito ano na cidade de Viseu e câmara della estando juntos em câmara Francisco Fernão Castelo Branco vereador e juiz pela ordenaçam e Gaspar de Queirós outrosi vereador e o lecenceado Simão de Barros procurador da cidade logo elles ditos oficiais mandaram tanger o sino da ditta câmara per a ella acodirem os cidadãos da dita cidade e logo na ditta câmara se ajuntaram cidadãos homens nobres e os ditos vereadores lhe diseram por terem ordem do governo da (?) Margarita governadora deste reino que tinham ordem de sua magestade pera se gardar nesta cidade e termo e comarqua do mal da peste de que demos (?) e que vissem o que lhes parecia que deviam fazer sobre a dita guarda) tomando nesse sentido a Câmara as providências necessárias.
Decidiu-se em corpo de Câmara, que das sete portas existentes permanecessem abertas apenas quatro, a saber a do Arco, a de Santa Cristina, a de Cimo de Vila e a de Massorim (Soar) e que fosse nomeado um guarda-mor para cada uma (e logo se asentou na dita câmara que ficasem somente quatro portas abertas a saber a porta do muro do arco há de santa Cristina há de cimo de vila e a de mançorim e que em cada huma das dittas portas fosse posto seu guarda mor pera dar a guarda dellas cada dia e despachar o fato e pessoas que ouverem de sair e entrar e logo foram nomeados pera guarda mores das dittas portas que hão de ficar abertas a saber na de cimo de vila a João Sampaio Pereira he a de santa Cristina a Francisco Cardoso Moreira Loureiro e a porta do muro do arco a Gaspar Queirós Castelo Branco e a porta do muro do soar a Fernão Vaz Amaral). Para além destes guardas-mores a cidade foi partida em instâncias e cada habitante tinha que servir de guarda à respetiva porta um dia sob pena de cinco cruzados. (e logo partiram a cidade em instancias pera cada huma dellas servir de guardas de cada huma das ditas portas cada pessoa hum dia e loguo se partiram per a porta do soar os moradores da mesma rua e do resio e os moradores de toda a praça e miradouro e pera como de villa toda a mesma rua hasi desde a porta de Rodrigo Almeida ate a mesma porta do muro e pera a porta de santa Cristina toda a rua de Rodrigo Almeida e rigueira ate a mesma porta do muro e pera a porta do muro do arco toda a mesma rua desde a pedra de gonçalvinho pera baixo e rua do carvalho (?) baldes da ribeira). Foram igualmente eleitos dois provedores da saúde e dois meirinhos, um para cada duas portas (e logo elegeram pera provedores da saúde a João Pais Amaral pera as duas portas de santa Cristina e cimo de villa e a (?) Francisco Botelho pera a porta do Soar e arco e logo elegeram dous meirinhos a saber pera as ditas portas de cimo de villa e santa crestina a Pedro Rabelo cidadam e pera a porta do arco e do soar Francisco Tourais aos quais oficiais todos deram juramento dos santos evangelhos em que puseram suas mãos)». In Liliana Castilho, A cidade de Viseu nos Séculos XVII e XVIII, Arquitectura e Urbanismo, Tese de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2012.

Cortesia de FLUdoPorto/JDACT