sábado, 17 de agosto de 2019

A Fugitiva. Anais Nin. «A seguir, ofereceu-se para consolá-lo, quase como se fosse um marido traído. O basco disse que esperaria»

Cortesia de wikipedia e jdact

(…) Foi assim que o basco encontrou Bijou. Ao chegar à casa certo dia, foi recebido por uma Maman derretida que lhe disse que Viviane estava ocupada. A seguir, ofereceu-se para consolá-lo, quase como se fosse um marido traído. O basco disse que esperaria. Maman continuou com as provocações e carícias. Então, o basco disse: posso espiar? Todos os quartos eram arranjados de modo que os curiosos pudessem assistir por meio de uma abertura secreta. De vez em quando, o basco gostava de ver como Viviane se comportava com osseus visitantes. Então, Maman levou-o ao compartimento, onde o escondeu atrás de uma cortina e o deixou olhar. Havia quatro pessoas no quarto: um homem e uma mulher estrangeiros, trajados com discreta elegância, observando duas mulheres na cama grande. Viviane, a grandona de pele escura, jazia esparramada na cama. De quatro em cima dela estava uma mulher magnífica de pele cor de marfim, olhos verdes e cabelo negro comprido e espesso. Os seios eram empinados, a cintura afinava-se em adelgaçamento extremo e expandia-se de novo para uma farta exibição de quadris. Ela tinha um formato que parecia ter sido modelado num espartilho. O corpo tinha a lisura firme do mármore. Não havia nada de flácido ou solto nela, mas um vigor escondido, como o vigor de um puma, e uma extravagância e veemência nos gestos que lembravam os das espanholas. Aquela era Bijou. As duas mulheres combinavam lindamente, sem receios ou sentimentalismo. Mulheres de acção, ambas portavam um sorriso irónico e uma expressão corrupta. O basco não saberia dizer se estavam fingindo ou de facto desfrutando uma da outra, de tão perfeitos que eram os gestos. Os estrangeiros devem ter pedido para ver um homem e uma mulher juntos, e aquela tinha sido a solução de Maman. Bijou havia amarrado um … de borracha, que tinha a vantagem de nunca definhar. Portanto, não importava o que ela fizesse, aquele … projectava-se do seu monte de pelos femininos como se espetado ali numa erecção permanente. Agachada, Bijou deslizava a falsa virilidade não dentro, mas entre as pernas de Viviane, como se estivesse batendo leite, e Viviane contraía as pernas como se estivesse tantalizada por um homem de verdade. Mas Bijou recém começara a provocá-la. Parecia decidida a fazer Viviane sentir o … apenas do lado de fora. Segurava-o como uma aldraba, batendo gentilmente contra a barriga e a virilha de Viviane, cutucando os pelos gentilmente, depois a ponta do clitóris. Neste último, Viviane deu um pulinho, e por isso Bijou repetiu, e Viviane pulou de novo. A mulher estrangeira então inclinou-se para perto, como se fosse míope, para flagrar o segredo daquela sensibilidade. Viviane rolou impaciente e ofereceu o sexo a Bijou. Atrás da cortina, o basco sorria com o excelente desempenho de Viviane. O homem e a mulher estavam fascinados. Estavam parados bem perto da cama, de olhos arregalados. Bijou disse a eles: querem ver como fazemos amor quando estamos com preguiça? Vire-se, ordenou a Viviane. Viviane virou-se para o lado direito. Bijou deitou-se ao lado dela, entrelaçando os pés. Viviane fechou os olhos. Então Bijou abriu espaço para a entrada com as mãos, afastando a carne moreno-escura das nádegas de Viviane de modo que pudesse deslizar o … para dentro, e começou a meter. Viviane não se mexeu. Deixou Bijou empurrar, meter. Então, inesperadamente, deu um pinote, como um coice de cavalo. Bijou, como que para puni-la, recuou». In Anais Nin, A Fugitiva, L&PM Pocket, Brasil, 2012, ISBN 978-852-542-654-3.

Cortesia de L&PM/JDACT