Cortesia
de wikipedia e jdact
Com
a devida vénia a Luís Carlos R. Santos
As
Primeiras Obras (1906-1944)
«(…) Para sustentar as suas críticas a Spengler, Agostinho vai
abordar um conjunto de temas sobre as civilizações clássicas que caracterizarão
as suas principais obras, neste, por assim dizer, primeiro período de produção
literária e científica. A comparação entre estruturas políticas das
civilizações clássicas do Egipto, Grécia e Roma, a história da arte
greco-latina, a tragédia grega, a evolução científica com referências ao
pensamento de Anaximandro, Xenófanes e Eratóstenes, entre outros, e, por fim,
um conjunto de referências às características religiosas da antiguidade
clássica, a partir das quais se centrará no estudo pormenorizado da religião
grega, constituem alguns dos principais temas que desenvolve neste período. Enquanto
vai realizando estudos superiores, entre 1926 e 1929, o jovem Agostinho
participa em A Águia, Revista da Renascença Portuguesa, onde estavam
ilustres pensadores portugueses como Teixeira Pascoaes, Jaime Cortesão, Raul
Proença, Leonardo Coimbra, Fernando Pessoa, António Sérgio, entre outros. Por
ruptura ideológica interna Agostinho acaba por sair do Movimento, já depois de
terem saído António Sérgio, Jaime Cortesão e Raul Proença.
Mas já neste período, a sua actividade de articulista é muito
abundante e para lá da participação na A Águia podem encontrar-se um
alargado número de artigos, de temas muito variados, em vários jornais e
revistas, como são o caso do Jornal Monárquico Acção Académica, no Porto, entre
o período de 1925-1926; O Comércio do Porto, entre 1925-1930; Porto Académico,
jornal da Academia portuense do qual foi diretor, entre 1926-1927; A Ide’a
Nacional, semanário monárquico integralista, sediado em Lisboa, em 1927; Diónysos,
Revista do Porto, em 1928. Depois de ter deixado de colaborar com A Águia,
Agostinho da Silva vai participar durante alguns anos com a revista Seara
Nova, entre 1929 e 1938, mas sem que, durante esse período, deixasse de
continuar a publicar inúmeros textos noutros jornais e revistas espalhados por
vários lugares do país como Aveiro, Leiria, Figueira da Foz, Coimbra.
Com
a chegada ao fim do doutoramento, a especialização obtida nos estudos sobre as
civilizações clássicas e os conhecimentos aí conquistados fizeram com que
Agostinho da Silva publicasse vários textos que daí advieram, desde logo das
suas teses de licenciatura e de doutoramento, onde entre eles encontramos Um
Breve Ensaio sobre Pérsio, em 1929, e A Religião Grega, em 1930,
textos em que analisa o pensamento religioso grego e latino.
Pérsio, poeta satírico da Roma Antiga, adepto do Estoicismo,
escola filosófica grega fundada em Atenas no século III, antes da era comum, punha
da defesa do estoicismo e no combate dos vícios de Roma uma minuciosidade e uma
veemência que não permitem falar do poeta como dum simples glosador.
Neste
estudo sobre Pérsio o que se releva é como o choque entre diferentes culturas e
religiões como a romana e a grega, ambas aglutinadas pelo vasto Império, põem
na sua pena uma valorização da cultura grega face à cultura romana. Se militarmente
os gregos foram assimilados pelos romanos, de certa forma, os romanos foram
conquistados pelas ideias gregas, sobretudo por particularidades ligadas ao seu
pensamento religioso, mas também como consequência do avanço que a filosofia e
a ciência tiveram na cultura helénica. Ao passo que a religião romana tinha um
carácter particular, nacional, era a religião do povo que pela sua vontade,
pelo sóbrio viver, pelo patriotismo, passara da cidade ao império (…) as
religiões estrangeiras eram essencialmente universalistas e isso explica
cabalmente o êxito que obtiveram. Os romanos já mostravam tendências para o
universal, acolhendo os deuses das cidades vencidas e tratando com tolerância
as regiões conquistadas; desde que se tornou senhor do Império este começou
formando um corpo único, solidamente ligado a Roma, o particularismo e o culto
religioso que o exprimia não tinham mais razão de ser; a tendência
universalista desenvolve-se de dia para dia e procura uma nova fórmula que a
satisfaça. Na vastidão do Império a religião grega vai-se sobrepondo à religião
romana». In Luís Carlos R. Santos, Filosofia e Espiritualidade, Educação e
Pedagogia, Agostinho da Silva, U de Lisboa, F de Letras, D de Filosofia, Tese
de Doutoramento, 2014, Wikipedia.
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