Desejo
«E
se abres os olhos
de
manhã
sobre
o cansaço morno
dos
meus olhos
desfazes
o sono
sobre
a lã
da
sede do meu corpo
que
tu colhes.
Dos
nossos flancos misturados
já
não se evita então
e
tu sabes
a
calma, a lassidão e a ternura,
que
depois de tudo isso
nos
invade».
A
Cama
«Um
pequeno prédio
morno
a
nossa cama
na
curva mais longa dos lençóis
mais
largos e mais brancas
são
as pregas
mais
fundas e mais hábeis
mais
cruéis.
No
áspero, macio dos cobertores
é
esponja sorvedoura dos nossos
dois
suores
é
espectadora activa
motivada
é
vício, é caverna
e
é pecado
é
todo um lutar desenfreado
um
sulco de sede
ou
uma chama».
Poemas de Maria Tereza Horta, in ‘As Palavras do Corpo’
In
Maria Tereza Horta, As Palavras do Corpo, Publicações dom Quixote, Lisboa,
2014, ISBN 978-972-204-903-0.
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