terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Afonso. 4º conde de Ourém. Alexandra Barradas. «E, por ser neto por via paterna de João I e por via materna de Nuno Álvares Pereira, os dois homens mais importantes de Portugal, no início de quatrocentos, ‘foi considerado por Pedro Dias, mais um dos membros da Ínclita Geração’»

Cortesia de wikipedia e jdact

«Afonso, 4º conde de Ourém e marquês de Valença (1402/3?-1460), os pais casaram em Novembro de 1401 e deste matrimónio nasceram 3 filhos, pela seguinte ordem: Afonso, Isabel e Fernando, conhecendo-se apenas o ano de nascimento do último dos irmãos, 1403, filho de Afonso, conde de Barcelos e 1º duque de Bragança [(1370?–1460), Afonso, conde de Barcelos e 1º Duque de Bragança era filho natural de João I, nascido quando este tinha 14 ou 15 anos, em tempo em que ElRey (...) ainda não tinha empunhado o Sceptro, e era Mestre da insigne Ordem de Cavallaria de S. Bento de Aviz; foi educado por Gomes Martins de Lemos, no círculo dos frades franciscanos de Convento de Leiria; durante os anos da crise o mestre João manteve-o, junto com uma irmã, dona Beatriz, oculto, mas depois de aclamado rei, viveu sempre próximo da corte; acompanhou o pai nas lutas pela independência, e foi armado cavaleiro pelas mãos do novo monarca, em Tui, no ano de 1398; João I sempre o protegeu e teve por ele especial afeição, ... se não era o mais herdado, era o mais querido; ao casar foi perfilhado e nobilitado sendo-lhe atribuído o título de conde de Barcelos, até aí pertença do sogro que o transfere para o novo genro, com o acordo régio; o título de duque de Bragança foi-lhe atribuído bastante mais tarde pelo infante Pedro, em 1442, durante o período de regência após a morte do monarca Duarte I] e de dona Brites Pereira [(1378?–1408/9 ou 1414 ?) filha única de Nuno Álvares Pereira e de dona Leonor Alvim, cujo casamento foi determinado pelo pai do futuro condestável, que decidiu unir o filho, com 16 anos, a uma distinta viúva possuidora, na região de Entre Douro e Minho, de uma das mais avultadas fortunas do norte do país; desta união nasceram 3 filhos, dois rapazes e uma rapariga, tendo apenas sobrevivido dona Beatriz], foi uma das figuras mais importantes da primeira metade do século XV. E, por ser neto por via paterna de João I e por via materna de Nuno Álvares Pereira, os dois homens mais importantes de Portugal, no início de quatrocentos, foi considerado por Pedro Dias, mais um dos membros da Ínclita Geração.
Apesar dos primeiros anos da sua vida terem sido passados em Chaves, localidade onde o pai, conde de Barcelos, tinha à época a sede da sua casa, terá sido educado com grande esmero, conhecendo-se o nome do seu educador, mestre Fernão d´Álvares, que passava por ser um dos maiores latinistas do seu tempo, formado em Salamanca e que foi professor de Gramática e Filosofia, no Porto e em Lisboa. Vivendo próximo do círculo da corte e uma vez que era neto do rei, Afonso, decerto, contactou com os melhores mestres, pois pelo que se conhece é legítimo afirmar que foi um dos mais cultos da sua geração. Tinha formação literária, não só aprendeu latim, como sabia falar o suficiente para estabelecer um diálogo, sem necessitar de intérprete, formação militar, era adestrado na arte das armas e da cavalaria, que exercitou em inúmeras ocasiões, e formação cortesã, aprendeu as mais finas regras de etiqueta e do protocolo, sabia dançar, prosar e escrever. Teve pois, uma educação de príncipe, a par dos filhos de João I, seus tios, que eram praticamente da sua idade (Duarte nasceu em 1392, Pedro em 1394, Henrique em 1396, dona Isabel em 1397, João em 1400 e Fernando em 1402)
Mas, não só em educação ombreou com os tios; também em bens e fortuna se lhes pode equiparar. Em 1422, teria Afonso 19 ou 20 anos, o avô materno decidiu distribuir pelos netos todos os bens que lhe restavam, antes de se retirar para o Convento do Carmo, cabendo ao primogénito, herdeiro da casa iniciada pelo conde de Barcelos, mas cujo património pertencia originalmente a Nuno Álvares Pereira, receber o título de conde de Ourém e os bens situados na zona da Estremadura, neles estando incluída a vila de Porto de Mós, assim como uns paços em Lisboa, situados nas imediações da cerca do Convento de S. Francisco, junto à muralha fernandina, ou perto dos Estaus, que seriam provavelmente, a residência do condestável, junto da corte. Assim, o jovem Afonso passou a deter, desde muito novo, património considerável e um título, podendo iniciar casa, sendo um homem independente, situação pouco comum, só vivida pelos filhos de João I, a quem o monarca concedeu ducados ou a direcção de ordens militares (Pedro era duque de Coimbra e Henrique, duque de Viseu; João foi Mestre da Ordem de Santiago e Fernando da Ordem de Avis). Próximo da corte, neto do rei e pertencendo à geração dos infantes, Afonso decerto revelou qualidades pessoais que terão levado o monarca João I a iniciá-lo nos assuntos diplomáticos, acção a que não terá sido alheio o conde de Barcelos, seu pai (pela mão dos três filhos, o conde de Barcelos exercia a sua influência junto do poder régio: dona Isabel casou com o infante João em 1422, passando a fazer parte da família real; Fernando, conde de  Arraiolos (título também concedido pelo avô em 1420) foi direccionado para a área militar tendo desempenhado o cargo de fronteiro-mor e sido responsável por várias missões deste âmbito)». In Alexandra Leal Barradas, D. Afonso, 4º conde de Ourém, Revista Medievalista, director Vasconcelos Sousa, Ano 2, Nº 2, Instituto de Estudos Medievais, FCSH-UNL, FCT, 2006, ISSN 1646-740X.


Cortesia de RMedievalista/JDACT