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de wikipedia e jdact
Evolução
Urbana e Arquitectónica
Cidades
Portuguesas no Tempo. Rede Urbana e Sociedade em Portugal
«(…) As características da rede
urbana portuguesa adquirem também aqui significado: parece evidente, aliás, que
uma das características que se apontam à rede urbana portuguesa no Antigo
Regime, designadamente, a quase inexistência de cidades de média dimensão, tem
também (e muito) a ver com isso: não existiam capitais de unidades
administrativas regionais. Ser sede de comarca era muito pouco, até porque
chegou a haver mais de quatro dezenas e algumas, como Chão de Couce no início
do século XIX, não chegavam a ter três centenas de fogos (Monteiro 1996). A
cidade como modelo de organização do território e ideal de vida humana, a
cultura e mentalidades urbanas, seriam um dos ingredientes do património da zona
central da sociedade. É desta forma que para José Mattoso, o próprio processo
de centralização régia poderia ser visto como a extensão à periferia da
mentalidade urbana: se o que se tem chamado a história nacional não é, afinal,
apenas a da centralização régia, e se esta não constitui pouco mais do que o
prolongamento da uniformização citadina, assumindo aqui a palavra periferia o
duplo sentido geográfico e social. Em síntese, poder-se-ia afirmar que ao
começo do triunfo da Monarquia, que o reinado de Afonso III estabelece depois
das incertezas do reinado anterior, corresponde a progressiva consolidação de
um modelo de ordenamento do território veiculado pelo poder régio que tomava a cidade como o ideal de
organização com o qual era imperativo fazer preencher todo o espaço disponível.
Cidade e Concelho tenderão a
identificar-se e, até ao final do século XV, verifica-se a universalização do
modelo concelhio como a unidade administrativa e judicial de primeira
instância. Os resultados revelariam porém o compromisso entre as formas
tradicionais de organização na periferia e os modelos propagados pela
autoridade do centro. A investigação da cidade como materialidade, a investigação da forma e da localização, a
investigação da cidade como documento para a história da sociedade foi um tipo
de aproximação do fenómeno urbano lançado entre nós em primeiro lugar pela
geografia. Os textos de Orlando Ribeiro assumem aqui um papel fundador (Orlando
Ribeiro, Opúsculos
Geográficos. Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa, 1994) a que se seguiriam
alguns dos seus discípulos como Jorge Gaspar (1969) embora com escassa
continuidade posterior no que à dimensão histórica diz respeito Diante do
atraso da arqueologia medieval e moderna em Portugal, foi a história da
arquitectura e do urbanismo que deram a necessária continuidade às
problemáticas então abertas. Várias equipas e investigadores individuais
abriram novas frentes de trabalho a partir da década de 1980 elegendo como
objecto de estudo a forma e a morfologia urbana. Toda esta dinâmica nova da
história do urbanismo português culminaria em realizações colectivas de síntese
como O Universo Urbanístico
Português 1415 – 1822, já em meados da década de 1990. É no seio da
equipa liderada por Walter Rossa no Departamento de Arquitectura da Faculdade
de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que estas frentes de trabalho
melhor adquiriram profundidade de abordagem, reflexão crítica, apuramento das
metodologias e ao mesmo tempo sentido de projecto em continuidade e de largo
fôlego.
Inicialmente centrado sobre a
cidade setecentista, a orientação da investigação cedo sentiu a
indispensabilidade de um recuo no tempo discutindo a questão dos antecedentes e
recentrando-se sobre o período que medeia entre o momento fundador baixo
medieval e o momento de reformulação e redefinição das primeiras décadas de
Quinhentos. A investigação perseguiria então a identificação dos procedimentos
urbanísticos e de ordenamento do território mais comuns, os quais designaria
por invariantes, e que na sua sistematização configurariam uma específica maneira
de fazer cidade, ou, de um modo mais abrangente, uma cultura do território
portuguesa». In Paulo Dordio, Chaves e as suas Fortificações, Evolução Urbana e
Arquitectónica, ArqueoHoje, Chaves, Lavantamento Arquivístico e Bibliográfico,
2006, Chaves, Arquivo Municipal de Chaves, 2015, Wikipédia.
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