terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A Sismologia e a Dinâmica Planetária. Luís Mendes Victor. «No dos Escontos, meya legoa da dita Villa, e já termo da de Alvor, atemorizou tanto os visinhos, que morrerão algumas pessoas de susto»

Cortesia de wikipedia e jdact

Sismicidade histórica
«(…) Em 5 de Abril de 1504, deu-se neste dia um grande terramoto, cujos efeitos são principalmente conhecidos na região sísmica de Sevilha, em Sevilha, Alcalá, Los Alcores, Carmona, Tocina, Lora del Rio. Este terramoto foi muitoextenso, sendo sentido em quási toda a Espanha, como em Medina del Campo, Murcia, etc., ao norte de Marrocos; mas não pude obter dados precisos sôbre os seus efeitos em Portugal, principalmente no Algarve, de modo que pode considerá-lo como submarino e partindo do mesmo afundimento ao sul do Algarve que o de 1755. Apenas Moreira Mendonça diz que, em 1504, foram tão violentos os terramotos em Portugal, que subverterão povoações inteiras, e fizerão andar a gente fugitiva pelos montes. (Sousa, 1919); No dia 5 de Abril do ano de 1504, Sexta-feira Santa, entre as nove e as dez, a terra tremeu em Espanha, foi o maior terramoto da Andaluzia, e foi tão grande o espanto que as pessoas caíram por terra, ficaram fora de si. Foi ouvido um grande ruído, todos os edifícios, fortalezas, igrejas e casas estremeceram. Foi muito destruidor no Algarve e muito violento no norte de Marrocos, Málaga e Granada, todavia notado em Murcia. (Rodriguez, 1932); 1719, em 6 de Março de 1719, pelas 5 horas da manhã, sentiu-se em Portugal um forte tremor de terra, mais intenso no sul do País. Em Portimão, as pessoas levantaram-se das camas descompostas. A abóbada da Igreja do Colégio dos Padres da Companhia abriu fendas, assim como a Torre sineira da Igreja Matriz. Todas as casas tiveram danos, especialmente as mais altas. Em Lagoa o abalo teve intensidade semelhante, assim como em Ameixoeira, Carregação e Estombar. No lugar dos Escontos, situado a meia légua de Portimão, morreram 3 mulheres de susto. O abalo, que foi acompanhado de forte ruído subterrâneo, foi também sentido em Lisboa, onde não causou prejuízos. (Moreira,1991); em 6 de Março de 1719, obtive deste megasismo a seguinte descrição (Anno Historico. Diario Portuguez, tom. I, fl. 400): neste dia 6 de março do anno 1719, hum quarto antes de nascer o Sol, padecendo a Lua eclipse na Villa de Portimão do Reyno do Algarve, pela parte do mar, hum ruido horrivel, e a terra padeceo hum formidavel terramoto por trez, ou quatro minutos, no qual tempo os moradores da dita Villa tiverão huma tal consternação, que decompostos sahirão de suas cazas, procurando fugir ao perigo. Huma das torres da muralha, as abobedas das Igrejas, e as cazas padecerão alguma ruina, especialmente as mais altas, e de mais fortaleza. O mesmo experimentárão os moradores dos lugares da Ameixoeira, Carregação, Estombar, Lagoa de alem do Rio, e particularmente o ultimo. No dos Escontos, meya legoa da dita Villa, e já termo da de Alvor, atemorizou tanto os visinhos, que morrerão algumas pessoas de susto. (Sousa, 1919); No dia 6 de Março de 1719 houve um tremor de terra que arruinou muitos edifícios de Lagos. (Rocha, 1991); 6 de Março, um quarto de hora antes do Sol nascer sentiu-se no reino do Algarve, região de Vila Nova de Portimão, Lagos, um ruído subterrâneo ao que se seguiu um formidável terramoto que durou 3 ou 4 minutos. O pânico foi geral, saindo os habitantes para o campo. Uma das torres da muralha, as abobadas das igrejas e muitas casas ficaram em ruínas. O fenómeno sentiu-se em vários lugares próximos e morreram algumas pessoas. (Rodriguez, 1932); 1722, em 27 de Dezembro, entre as 5 e as 6 da tarde, sentiu-se em Portugal um forte tremor de terra, mais intenso no sul do País. Foi sentido fortemente do Cabo de S. Vicente a Castro Marim e provocou estragos em Loulé, Tavira, Faro, Albufeira e Portimão. Houve muitos mortos, edifícios destruídos e muitas casas ficaram inabitáveis. (Moreira, 1991); Em 27 de Dezembro de 1772, Algarve. Villa Nova de Portimão 3 de Janeiro. Das 5 para as 6 horas da tarde do dia 27 de Dezembro se sentio nesta Villa hum tremor de terra, que não durou mais espaço que o de huma Ave Maria; mas tam violento, que fez hum grande abalo, e se abrirão algumas fendas na abobada da Igreja do Collegio, estallando algumas pedras das tribunas e portas. O mesmo padeceo a Igreja, e mais officinas do Convento dos Capuchos, onde se tocarão per si as campainhas, que costumão estar junto aos altares. Tem-se noticia de vir correndo este movimento desde o Cabo de S. Vicente, e de se ir dilatando pela extensão do reino: experimentando-se maior violência nas Villas de Albufeira, e Loulé, e nas cidades de Faro e Tavira. (...) Segundo Moreira Mendonça, padeceo o Reyno do Algarve hum Terramoto fatalissimo, que durando pouco mais espaço, que o de uma Ave-Maria, forão tão grandes os abalos, que causou muitos estragos. Em Villa Nova de Portimão, ficarão arruinadas a Igreja do Collegio da Companhia, e a Igreja do Convento dos Capuchos. Em Tavira acabou como hum horroroso trovão, cahirão 27 moradas de casas, a as mais ficarão arruinadas. No rio se apartarão as agoas, de forma, que huma Caravella, que por elle hia sahindo ficou em seco por muito tempo. O Convento de S. Francisco ficou muito arruinado. Em Faro cahirão muitas casas, em que morreu alguma gente, ficando as mais abertas. O mesmo sucedeu á Torre da Igreja Cathedral, na qual fez o movimento de tocar os sinos». In Luís Mendes Victor, A Sismologia e a Dinâmica Planetária, Seminário Internacional sobre Prevenção e Protecção das Construções contra Riscos Sísmicos, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Lisboa, 2004, ISBN 972-865-414-6.

Luís Alberto! Que estejas na paz!

Cortesia de SIPCR Sísmicos/JDACT