Sobre o princípio das acções
«(…)
Se ao invés de tomar os mantimentos e armas do teu próprio país, retirares do
teu inimigo, estarás bem abastecido de armas e provisões. Quando um país
empobrece por causa das operações militares, isso deve-se ao transporte de
provisões de um lugar distante. Se as transportas de um lugar distante, o povo
empobrecerá. Os que habitam próximo de onde está o exército podem vender as suas
colheitas a preços elevados, porém acaba-se deste modo o bem-estar da maioria
da população. Quando se transportam as provisões muito longe, ocorre a ruína
por causa do alto custo. Nos mercados próximos do exército, os preços das
mercadorias aumentam. Portanto, as longas campanhas militares constituem uma
ferida para o país. Quando se esgotam os recursos, os impostos arrecadam-se sob
pressão. Quando o poder e os recursos se tenham esgotado, arruína-se o próprio
país. O povo é privado de grande parte dos seus produtos, enquanto os gastos do
governo para armamentos se elevam. Os habitantes constituem a base de um país,
os alimentos são a felicidade do povo. O príncipe deve respeitar este facto e
ser sóbrio e austero nos seus gastos públicos. Em consequência, um general
inteligente luta por desprover o inimigo dos seus alimentos. Cada porção de
alimentos tomados ao inimigo equivale a vinte que te forneces a si mesmo.
Assim, pois, o que arrasa o inimigo é a imprudência e a motivação dos teus em
fazer desaparecer os benefícios dos adversários.
Quando
recompensas os teus homens com os benefícios que ostentavam os adversários eles
lutarão com iniciativa própria, e assim poderás tomar o poder e a influência
que tinha o inimigo. É por isto que se diz que onde há grandes recompensas há
homens valentes. Por conseguinte, em batalha de carros, recompensa primeiro o
que tomar ao menos dez carros. Se recompensares todos os guerreiros, não haverá
suficiente para todos; assim, pois, oferece uma recompensa a um soldado para
animar todos os demais. Troca as suas cores (dos soldados inimigos feitos
prisioneiros), utiliza-os misturados aos teus. Trata bem os soldados e
presta-lhes atenção. Os soldados prisioneiros devem ser bem tratados, para
conseguir que no futuro lutem para ti. A isto se chama vencer o adversário e
incrementar por acréscimo nas tuas próprias forças. Quando recompensas os teus
homens com os benefícios que ostentavam os adversários eles lutarão com
iniciativa própria, e assim poderás tomar o poder e a influência que tinha o
inimigo. É por isto que se diz que onde há grandes recompensas há homens
valentes.
Por
conseguinte, em batalha de carros, recompensa primeiro os que tomam ao menos
dez carros. Se recompensares a todo mundo, não haverá suficiente para todos;
assim, pois, oferece uma recompensa a um soldado para animar a todos os demais.
Troca suas cores (dos soldados inimigos feitos prisioneiros), utilize-os
misturados aos teus. Trata bem os soldados e presta-lhes atenção. Os soldados
prisioneiros devem ser bem tratados, para conseguir que no futuro lutem para
ti. A isto se chama vencer o adversário e incrementar por acréscimo em tuas
próprias forças. Se utilizares o inimigo para derrotar o inimigo, serás
poderoso em qualquer lugar aonde fores. Assim, pois, o mais importante em uma
operação militar é a vitória e não a persistência. Esta última não é benéfica.
Um exército é como o fogo: se não o apagas, se consumirá por si mesmo.
Portanto, sabemos que o que está à cabeça do exército está a cargo das vidas
dos habitantes e da segurança da nação.
Sobre as proposições da vitória e a
derrota
Como
regra geral, é melhor conservar um inimigo intacto que destruí-lo. Captura os seus
soldados para conquistá-los e dominas os seus chefes. Um general dizia: pratica
as artes marciais, calcula a força dos teus adversários, faz que percam o seu
ânimo e direcção, de maneira que ainda estando intacto o exército inimigo,
fique imprestável: isto é ganhar sem violência. Se destruíres o exército
inimigo e matares os seus generais, assaltas as suas defesas disparando, reúnes
uma multidão e usurpas um território, tudo isto é ganhar pela força. Por isto,
os que ganham todas as batalhas não são realmente profissionais; os que
conseguem que se rendam impotentes os exércitos alheios sem lutar, são os
melhores mestres da Arte da Guerra. Os guerreiros superiores atacam enquanto os
inimigos estão projectando os seus planos. Logo desfazem as suas alianças. Por
isso, um grande imperador dizia: o que luta pela vitória frente a espadas nuas
não é um bom general.
A
pior táctica é atacar uma cidade. Assediar, encurralar uma cidade só se leva a
cabo como último recurso. Emprega não menos de três meses em preparar os teus
artefactos e outros três para coordenar os recursos para o teu assédio. Nunca
se deve atacar por cólera e com pressa. É aconselhável tomar-se tempo na
planificação e coordenação do plano. Portanto, um verdadeiro mestre das artes
marciais vence outras forças inimigas sem batalha, conquista outras cidades sem
assediá-las e destrói outros exércitos sem empregar muito tempo. Um mestre
experiente nas artes marciais desfaz os planos dos inimigos, estropia as suas
relações e alianças, corta os mantimentos ou bloqueia o seu caminho, vencendo
mediante estas tácticas sem necessidade de lutar». In Sun Tzu, A Arte da Guerra,
século IV A. C., tradução de Caio Abreu e Miriam Paglia, 1995, Editora Jardim
dos Livros, 2006, ISBN 978-856-001-800-0.
Cortesia
de Wikipedia e EJLivros/JDACT