domingo, 20 de dezembro de 2015

A Arte da Guerra. Sun Tzu. «A pior táctica é atacar uma cidade. Assediar, encurralar uma cidade só se leva a cabo como último recurso. Emprega não menos de três meses em preparar os teus artefactos e outros três para coordenar os recursos para o teu assédio»

Cortesia de wikipedia e jdact

Sobre o princípio das acções
«(…) Se ao invés de tomar os mantimentos e armas do teu próprio país, retirares do teu inimigo, estarás bem abastecido de armas e provisões. Quando um país empobrece por causa das operações militares, isso deve-se ao transporte de provisões de um lugar distante. Se as transportas de um lugar distante, o povo empobrecerá. Os que habitam próximo de onde está o exército podem vender as suas colheitas a preços elevados, porém acaba-se deste modo o bem-estar da maioria da população. Quando se transportam as provisões muito longe, ocorre a ruína por causa do alto custo. Nos mercados próximos do exército, os preços das mercadorias aumentam. Portanto, as longas campanhas militares constituem uma ferida para o país. Quando se esgotam os recursos, os impostos arrecadam-se sob pressão. Quando o poder e os recursos se tenham esgotado, arruína-se o próprio país. O povo é privado de grande parte dos seus produtos, enquanto os gastos do governo para armamentos se elevam. Os habitantes constituem a base de um país, os alimentos são a felicidade do povo. O príncipe deve respeitar este facto e ser sóbrio e austero nos seus gastos públicos. Em consequência, um general inteligente luta por desprover o inimigo dos seus alimentos. Cada porção de alimentos tomados ao inimigo equivale a vinte que te forneces a si mesmo. Assim, pois, o que arrasa o inimigo é a imprudência e a motivação dos teus em fazer desaparecer os benefícios dos adversários.
Quando recompensas os teus homens com os benefícios que ostentavam os adversários eles lutarão com iniciativa própria, e assim poderás tomar o poder e a influência que tinha o inimigo. É por isto que se diz que onde há grandes recompensas há homens valentes. Por conseguinte, em batalha de carros, recompensa primeiro o que tomar ao menos dez carros. Se recompensares todos os guerreiros, não haverá suficiente para todos; assim, pois, oferece uma recompensa a um soldado para animar todos os demais. Troca as suas cores (dos soldados inimigos feitos prisioneiros), utiliza-os misturados aos teus. Trata bem os soldados e presta-lhes atenção. Os soldados prisioneiros devem ser bem tratados, para conseguir que no futuro lutem para ti. A isto se chama vencer o adversário e incrementar por acréscimo nas tuas próprias forças. Quando recompensas os teus homens com os benefícios que ostentavam os adversários eles lutarão com iniciativa própria, e assim poderás tomar o poder e a influência que tinha o inimigo. É por isto que se diz que onde há grandes recompensas há homens valentes.
Por conseguinte, em batalha de carros, recompensa primeiro os que tomam ao menos dez carros. Se recompensares a todo mundo, não haverá suficiente para todos; assim, pois, oferece uma recompensa a um soldado para animar a todos os demais. Troca suas cores (dos soldados inimigos feitos prisioneiros), utilize-os misturados aos teus. Trata bem os soldados e presta-lhes atenção. Os soldados prisioneiros devem ser bem tratados, para conseguir que no futuro lutem para ti. A isto se chama vencer o adversário e incrementar por acréscimo em tuas próprias forças. Se utilizares o inimigo para derrotar o inimigo, serás poderoso em qualquer lugar aonde fores. Assim, pois, o mais importante em uma operação militar é a vitória e não a persistência. Esta última não é benéfica. Um exército é como o fogo: se não o apagas, se consumirá por si mesmo. Portanto, sabemos que o que está à cabeça do exército está a cargo das vidas dos habitantes e da segurança da nação.

Sobre as proposições da vitória e a derrota
Como regra geral, é melhor conservar um inimigo intacto que destruí-lo. Captura os seus soldados para conquistá-los e dominas os seus chefes. Um general dizia: pratica as artes marciais, calcula a força dos teus adversários, faz que percam o seu ânimo e direcção, de maneira que ainda estando intacto o exército inimigo, fique imprestável: isto é ganhar sem violência. Se destruíres o exército inimigo e matares os seus generais, assaltas as suas defesas disparando, reúnes uma multidão e usurpas um território, tudo isto é ganhar pela força. Por isto, os que ganham todas as batalhas não são realmente profissionais; os que conseguem que se rendam impotentes os exércitos alheios sem lutar, são os melhores mestres da Arte da Guerra. Os guerreiros superiores atacam enquanto os inimigos estão projectando os seus planos. Logo desfazem as suas alianças. Por isso, um grande imperador dizia: o que luta pela vitória frente a espadas nuas não é um bom general.
A pior táctica é atacar uma cidade. Assediar, encurralar uma cidade só se leva a cabo como último recurso. Emprega não menos de três meses em preparar os teus artefactos e outros três para coordenar os recursos para o teu assédio. Nunca se deve atacar por cólera e com pressa. É aconselhável tomar-se tempo na planificação e coordenação do plano. Portanto, um verdadeiro mestre das artes marciais vence outras forças inimigas sem batalha, conquista outras cidades sem assediá-las e destrói outros exércitos sem empregar muito tempo. Um mestre experiente nas artes marciais desfaz os planos dos inimigos, estropia as suas relações e alianças, corta os mantimentos ou bloqueia o seu caminho, vencendo mediante estas tácticas sem necessidade de lutar». In Sun Tzu, A Arte da Guerra, século IV A. C., tradução de Caio Abreu e Miriam Paglia, 1995, Editora Jardim dos Livros, 2006, ISBN 978-856-001-800-0.

Cortesia de Wikipedia e EJLivros/JDACT