domingo, 20 de dezembro de 2015

A Arte da Guerra Sun Tzu. «Qual dirigente é mais sábio e capaz? Que comandante possui o maior talento? Que exército obtém vantagens da natureza e terreno? Em que exército se observam melhor o regulamento e a instrução?»

Cortesia de wikipedia e jdact

«… a guerra é de vital importância para o Estado; é o domínio da vida ou da morte, o caminho para a sobrevivência ou a perda do Império: é preciso saber manejá-la bem. Não reflectir seriamente sobre tudo o que lhe diz respeito é dar prova de uma culpável indiferença no que se refere à conservação ou à perda do que nos é mais querido; e isso não deve ocorrer entre nós. Devemos valorizá-la em termos de cinco factores fundamentais, e fazer comparações entre as diversas condições dos contendores, com vistas a determinar o resultado da guerra. O primeiro desses factores é a doutrina; o segundo, o tempo, o terceiro, o terreno, o quarto, o mando e o quinto, a disciplina. A doutrina significa aquilo que faz com que o povo esteja em harmonia com o seu governante, de modo que o siga onde esse for, sem temer pelas suas vidas, nem de correr qualquer perigo. O tempo significa o Ying e o Yang, a noite e o dia, o frio e o calor, dias ensolarados ou chuvosos e a mudança das estações. O terreno implica as distâncias, e faz referência onde é fácil ou difícil deslocar-se, se é em campo aberto ou lugares estreitos, e isto influencia as possibilidades de sobrevivência. O mando há de ter como qualidades: sabedoria, sinceridade, benevolência, coragem e disciplina. Por último, a disciplina há de ser compreendida como a organização do exército, as graduações e classes entre os oficiais, a regulação das rotas de mantimentos, e a provisão de material militar ao exército. Estes cinco factores fundamentais hão-de ser conhecidos por cada general. Aquele que os domina, vence; aquele que não, sai derrotado. Portanto, ao traçar os planos, há de comparar os seguintes sete factores, valorizando cada um com o maior cuidado:
  • Qual dirigente é mais sábio e capaz?
  • Que comandante possui o maior talento?
  • Que exército obtém vantagens da natureza e terreno?
  • Em que exército se observam melhor o regulamento e a instrução?
  • Quais as tropas mais fortes?
  • Qual dos exércitos tem os oficiais e as tropas melhor treinadas?
  • Que exército administra recompensas e castigos de forma mais justa?
Mediante o estudo desses sete factores, serás capaz de adivinhar qual dos dois grupos sairá vitorioso e qual será derrotado. O general que siga o meu conselho, é certo que vencerá. Esse general há de ser mantido na liderança. Aquele que ignorar os meus conselhos, certamente será derrotado. E deve ser destituído. Além de prestar atenção aos meus conselhos e planos, o general deve criar uma situação que contribua com o seu cumprimento. Por situação quero dizer que deve levar-se em consideração a situação do campo, e actuar de acordo com o que lhe for vantajoso. A arte da guerra baseia-se no engano. Portanto, quando és capaz de atacar, deves aparentar incapacidade e, quando as tropas se movem, aparentar inactividade. Se estiveres perto do inimigo, deveis fazê-lo crer que estás longe; se longe, aparentar que se está perto. Colocar armadilhas para atrair ao inimigo. Golpear o inimigo quando está desordenado. Preparar-se contra ele quando está seguro em todas as partes. Evitá-lo durante um tempo quando é mais forte. Se o teu oponente tem um temperamento colérico, tenta irritá-lo. Se é arrogante, trata de fomentar o seu egoísmo. Se as tropas inimigas se acham bem preparadas após uma reorganização, tenta desordená-las. Se estiverem unidas, semeia a dissensão entre as suas fileiras.
Ataca o inimigo quando não está preparado, e aparece quando não te espera. Estas são as chaves da vitória pela estratégia. Agora, se as estimações realizadas antes da batalha indicam vitória, é porque os cálculos cuidadosamente realizados mostram que tuas condições são mais favoráveis que as condições do inimigo; se indicarem derrota, é porque mostram que as condições favoráveis para a batalha são menores. Com uma avaliação cuidadosa, podes vencer; sem ela, não pode. Menos oportunidade de vitória terá aquele que não realiza cálculos em absoluto. Graças a este método, pode-se examinar a situação, e o resultado aparece claramente.

Sobre o princípio das acções
Uma vez começada a batalha, ainda que estejas a ganhar, se continuar por muito tempo, desanimará as tuas tropas e embotará a tua espada. Se estiveres sitiando uma cidade, esgotarás as tuas forças. Se mantiveres o teu exército durante muito tempo em campanha, os teus mantimentos se irão esgotar. As armas são instrumentos de má sorte; empregá-las por muito tempo produzirá calamidades. Como se tem dito: os que a ferro matam, a ferro morrem. Quando as tuas tropas estão desanimadas, as tuas espadas embotadas, esgotadas estão as tuas forças e os teus mantimentos são escassos, até os teus se aproveitarem da tua debilidade para sublevar-se. Então, ainda que tenhas conselheiros sábios, no final não poderás fazer que as coisas saiam bem. Por causa disso, tem-se ouvido falar de operações militares que são torpes e repentinas, porém nunca se viu nenhum especialista na arte da guerra que mantivesse a campanha por muito tempo. Nunca é benéfico para um país deixar que uma operação militar se prolongue por muito tempo. Como se diz comumente, seja rápido como o trovão que retumba antes que tenhas podido tapar os ouvidos, veloz como o relâmpago que brilha antes de haver podido piscar. Portanto, os que não são totalmente conscientes da desvantagem de servir-se das armas não podem ser totalmente conscientes das vantagens de utilizá-las. Os que utilizam os meios militares com perícia não activam as suas tropas duas vezes, nem proporcionam alimentos em três ocasiões, com um mesmo objectivo. Isto quer dizer que não se deve mobilizar ao povo mais de uma vez por campanha, e que imediatamente depois de alcançar a vitória não se deve regressar ao próprio país para fazer uma segunda mobilização. A principio isto significa proporcionar alimentos (para as próprias tropas), porém depois tiram-se os alimentos ao inimigo». In Sun Tzu, A Arte da Guerra, século IV A. C., tradução de Caio Abreu e Miriam Paglia, 1995, Editora Jardim dos Livros, 2006, ISBN 978-856-001-800-0.

Cortesia de Wikipedia e EJLivros/JDACT